segunda-feira, 18 de julho de 2016

Perigos no treinamento de futuros pastores


3 perigos no treinamento de futuros pastores

Treinar a próxima geração de pastores é crucial para toda geração que deseja ver a continuação de igrejas saudáveis no futuro. Esse treinamento geralmente começa com jovens rapazes em uma congregação, geralmente em idade universitária, que têm demonstrado caráter e dons que os qualificariam para o ministério pastoral. É essencial encorajar esses jovens rapazes, pois também existem valiosos aspectos que eu venho constatado e abordado à medida que eu os equipo para o futuro e cuido de suas almas. Aqui estão algumas tendências eu tenho visto em meio a jovens rapazes que desejam ser pastores:

1. Pressa exagerada

Em função da explosão no movimento de plantação de igrejas dentro da cultura cristã, jovens rapazes frequentemente acabam não precisando passar pelos percursos que as gerações passadas passaram. A antiga noção de que você precisa mostrar do que é capaz é atualmente estranha para alguém de 22 anos que há um mês se graduou na faculdade e agora crê estar pronto para ser um plantador de igreja e pastor titular. O aumento de aulas de seminário online expõe indivíduos mais rapidamente à educação teológica formal sem nem mesmo possuir alguma experiência em liderança eclesiástica. O desejo de pregar imediatamente ao invés de se assentar aos pés de um pregador como aprendiz desenvolveu uma atitude de impaciência, de empoderamento, e a crença de que tal indivíduo sabe melhor e faz melhor do que o atual líder da igreja local.

A verdade é que liderar uma igreja local como responsável é bem diferente do que se assentar por um tempo teorizando como igreja deveria realmente funcionar. Pregar um sermão e receber uma avaliação positiva de um orgulhoso e encorajante grupo de amigos e familiares é bem diferente do que preparar uma mensagem toda semana, independente de quaisquer circunstâncias que ocorram na sua vida. Esses jovens rapazes nunca lideraram um ministério numa igreja, mas ainda assim crêem que estão prontos a ocupar a primeira cadeira. Isso seria equivalente ao técnico assistente do Ferroviário Atlético Clube pensar que está pronto para ser o técnico principal do Barcelona. Por alguma razão, a igreja local é o único lugar onde as pessoas realmente têm a coragem de pensar que elas já podem liderar nesse nível mais alto sem qualquer experiência.

Como alguém guia um jovem que crê estar pronto a assumir esse nível de responsabilidade e liderança antes dele ter qualquer outra experiência real de vida? Eu creio que isso começa ao ensinar jovens sob sua liderança a ouvir atentamente os susurros à sua volta após a sua pregação. Seja encorajado, sim. Todavia, uma pessoa mais velha numa congregação estará geralmente bem animada e positiva a respeito de qualquer pessoa mais jovem a qual foi dada a oportunidade de falar. Isso não quer dizer que ele é o próximo John Piper e pronto a suprir o púlpito semanalmente.

Deixe que um líder mais jovem esteja à sua volta como pastor, observando as coisas que você faz, as decisões que você toma, as pessoas que você se encontra, e as horas você tem que investir efetivamente em ministério. Isso é bem maior do que um sermão da internet ou debate teológico. Não tema dizer a alguém que ele precisa freiar a vida um pouco, assentar-se sob o seu ensino por um tempo e liderar ministérios na igreja sem assumir a primeira cadeira. É útil também desenhar um plano de treinamento para o seu jovem líder, demonstrando a ele seu comprometimentocom seu desenvolvimento.

2. Exposição exagerada às indústria e subcultura cristãs

Isso pode ser problemático, pois tal coisa permite que indivíduos sejam seduzidos por celebridades cristãs. Jovens rapazes frequentemente imitam os pregadores que lhes são expostos, e ficam mais a par com o que está acontecendo numa igreja localizada há cinco estados de distância do que numa igreja localizada em sua própria cidade. Isso tem se tornado muito complicado num mundo acessível onde hoje nos encontramos sujeitos a acessos online instantâneos.

Uma determinada igreja local em outra região do país se torna um tipo de utopia para líderes de igreja porque eles não percebem que os mesmos problemas e conflitos que alguém vê na sua própria igreja também estão ocorrendo naquela notável igreja. Cobiça ministerial começa a acontecer, e a avareza vai se infiltrando, desenvolvendo-se em falta de apreciação por sua própria igreja local. Do mesmo modo que alguém olha no Instagram do amigo e, vendo apenas o aspecto exterior das fotos, deseja a mesma vida, alguém anseando pelo pastorado que é exageradamente exposto à cultura cristã pode ser algo perigoso. Esses jovens são muito vulneráveis à mentalidade da “grama mais verde do vizinho”, a qual frequentemente resulta em termos reduzidos de serviço.

Para treinar através dessa realidade, o pastor deve ser honesto sobre a vida real. Aquela famosa igreja não explodiu de um dia para o outro. Suor, lágrimas, oração, jejum, extremo trabalho duro e o mais importante, a obra de Deus foram derramados em qualquer igreja que alcançou a estrutura que agora experimenta. Eu informo os nossos jovens que nenhum dos seus amigos perdidos em nossa cidade ouviu o seu pregador preferido da internet, ou se importa sobre o último livro que acabou de ser lançado, ou quem está falando na última conferência. Eu os pergunto mais questões a respeito dos não-cristãos que eles passam tempo juntos do que sobre o último livro que eles estão lendo. Eu quero prepará-los para ser missionários locais mais do que eu desejo vê-los ficando atualizados com um cristianismo “pop”.

3. Expectativas Não-Realísticas

Novamente, esse mundo raso cria problemas para futuros pastores à medida que eles aguardam a sua vez. A maioria das plantações de igreja nunca experimentam crescimento maior do que 100 pessoas, mas isso de modo algum indica que a igreja foi ou não é bem sucedida. Ninguém quer falar a respeito do como crescimento acontece em muitas das igrejas consideradas bem sucedidas e recebem a atenção de muitos jovens rapazes. Crescer uma igreja alcançando o perdido em sua cidade é um processo. Isso pode levar uma vida toda para conseguir ver algum resultado do trabalho. Eu tenho pena de quem é ingênuo o bastante para pensar que ele inaugurará uma igreja amanhã e se tornará um pastor de uma mega-igreja de um dia para o outro, ou algo semelhante.

No treinamento, eu creio que devemos perguntar questões a respeito de corações e motivos regularmente, e não ter reservas ao fazê-lo, pois expectativas devem ser mantidas sem visão e ambição ser desencorajada. Eu quero ver jovens rapazes animados e sonhando grandes sonhos sobre as igrejas locais em suas igrejas, porém nós preparamos jovens para o desencorajamento caso os permitamos operar mediante falsas realidades baseadas nos sucessos do seu pregador da internet preferido.

Eu estou espantado a respeito do atual movimento de plantação de igrejas e as oportunidades que isso dá para jovens pastores, já que eu sou um exemplo de alguém que não teve que esperar a sua vez ou dar provas do que era capaz. Olhando para trás, eu não creio eu estava pronto para aquele tipo de responsabilidade de liderança ou pressão, mas eu vi a graça de Deus em minha vida e igreja apesar da minha inexperiência, inadequações e deficiências. Eu espero que em nome do cuidado pelas almas e plantação saudável de igrejas, nós treinaremos os jovens e ambiciosos a fim de os preparar para o ministério ao invés de simplesmente para um estágio. Nós não precisamos de mais celebridades, nós precisamos de igrejas saudáveis.

Por: Dean Inserra. © 2015 Am i Called? Original: WHEN TRAINING MEN FOR MINISTRY, YOU MUST BE AWARE OF THESE DANGERS
Tradução: Paulo Santos Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: 3 perigos no treinamento de futuros pastores.
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Bio do autor: “Eu sou chamado?” é um ministério de Dave Harvey e amigos. Dean Inserra é um desses amigos. Dean Inserra é o pastor líder da City Church em Tallahassee, Flórida, e é membro do Comitê de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul. Dean é um Millennial que constantemente interaje com outros jovens Millennials que desejam ministério pastoral. Foi com base nessas interações que Dean escreveu este sábio artigo.