A VERDADEIRA APOLOGÉTICA
A arte da apologética tem como
tarefas principais o defender, enaltecer e traduzir a fé cristã. Vejamos mais
acuradamente os termos.
Defender – o
apologista tenta descobrir o que impede as pessoas de acreditar. Estes
obstáculos teriam surgido de mal-entendidos ou deturpações? Se assim for,
precisam ser corrigidos. Surgiram por causa de uma verdadeira dificuldade em
relação às alegações da verdade cristã? Se assim for, precisam ser abordados.
Enaltecer – o
apologista propõe a permitir que a verdade e a relevância do Evangelho sejam
apreciadas. O Evangelho não precisa ser transformado em relevante para esse
público. A questão é como ajudar o público a entender sua relevância. Pode-se
usar ilustrações úteis, analogias ou histórias para permitir que se conectem ao
Evangelho.
Traduzir – aqui,
o apologista reconhece que muitas das ideias centrais e temas da fé cristã
provavelmente são desconhecidos. Precisam ser explicados usando imagens, termos
familiares ou histórias. Para uma cultura que tem dificuldade de compreender os
termos e ideias cristãs tradicionais, podem-se utilizar as experiências diárias
mais diversas.
Olhando por este prisma, muito do
que vemos, principalmente nas redes sociais, dizendo-se uma “defesa” ou
“apologética” cristã, não parece se fundamentar nos termos do que foi definido
acima. Os ataques, geralmente e especificamente, se detêm aos comportamentos de
cristãos tidos por outros como “heréticos” ou “desviantes”, mas nunca vemos a
apologética voltada para os não cristãos. Quando ameaçam de fazê-lo, somente
descrevem os erros doutrinários ou dos ensinos das seitas e religiões, mas não
falam ao coração dos que estão imersos nestas culturas religiosas ou aos sem
religião.
É uma pena que tão pouco seja
produzido hoje nesta área tão vital para o estabelecimento do reino de Deus nos
corações das pessoas.
Carlos
Carvalho
Teólogo e
Cientista Social
Fonte:
Conversando com C. S. Lewis, Alister McGrath. Editora Planeta,
São Paulo, 2014.
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