domingo, 21 de agosto de 2016

Permanecer em Deus




"Que Deus seja tua morada, e tu seja a morada de Deus. Permanece em Deus, para que Deus permaneça em ti. Deus permanece em ti para te sustentar. Tu permaneces em Deus para não caíres."
Agostinho de Hipona
Sobre a Graça

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

MANDAMENTO é uma obrigação, não uma ESCOLHA! (texto de maio)


MANDAMENTO É UMA OBRIGAÇÃO, NÃO UMA ESCOLHA!


Num mundo onde a busca extremada por “direitos” toma conta da mente e da militância das pessoas, as obrigações e os deveres que elas possuem não são considerados como um efeito igual do outro lado, ou seja, parece que todos desejam seus direitos, porém, não lidam bem com suas obrigações e deveres. Sutilmente, esse fenômeno tem reflexos na igreja de Deus, onde muitos dos atuais cristãos lutam por direitos de decidir no que crer, por direito de alterar a hierarquia interna das comunidades locais e pelo direito de viver como sua consciência manda, mas não assumem os deveres e obrigações advindas da Escritura em forma dos mandamentos de Deus para suas vidas, como a santificação, a obediência e a vida devocional.

Qual a definição de mandamento? Duas, de maneira bem simples: 1) ação ou efeito de mandar; mandado, mando e 2) ordem dada por pessoa que manda, que tem autoridade para mandar; mandado. Num mandamento não há a possibilidade de escolha por parte daquele ou daquela que recebe a ordem. Em outras palavras, não há espaços previstos para a desobediência de quem quer que seja na intenção da ordem dada por quem a deu. Um mandamento pode ser até questionado, porém, não pode ser desobedecido, sob pena de punição. Um mandamento igualmente pode ser desobedecido, no entanto, quem o faz, tem a consciência das consequências de seu ato. Nenhuma desobediência ao mandamento fica sem a devida punição. Esses são os conceitos bíblicos sobre o caso.

Ainda que alguns cristãos não sejam impedidos de se rebelar contra os mandamentos do Senhor, os mesmos jamais podem esperar benevolência dEle quando o julgamento por seus atos vier. A vontade humana morta e a carnalidade de alguns crentes podem iludi-los a imaginar que tomarão decisões graves contra a vontade de Deus e, ao final, ou antes disso, serão rigorosamente punidos por atraírem a si mesmos as conseqüências de suas ações. Uma grande quantidade de textos poderiam ser usados para fundamentar esses pontos no Novo Testamento e a própria história de Israel no Antigo Testamento, mas tomemos como exemplo apenas isso:

Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;
O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;
Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;
Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;
Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas
Romanos 2:5-11

E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder,
2 Tessalonicenses 1:7-9

Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.
Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.
Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.
Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo
Tiago 2:8-13

Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.
1 João 5:2


Carlos Carvalho
Teólogo, Cientista Social, Escritor e Bispo da Igreja da Cidade CBB


ESTUPRO COLETIVO - Como uma nação em formação resolveu um caso de estupro coletivo (texto de maio)


ESTUPRO COLETIVO
Como uma nação em formação resolveu um caso de estupro coletivo

Juízes 19 - 21

Deixem-me contar um fato da antiguidade da nação de Israel, quando ela ainda estava em formação, lá pelo século XI a. C.. O texto acima é bem longo, por isso o descrevo em forma mais sucinta.

Certo sacerdote hebreu casou-se com uma concubina[1], após certo tempo, ela passou a rejeitá-lo e o abandonou, voltando para a casa de seu pai. Ele passou a nutrir sentimentos fortes por ela e decidiu viajar à casa do sogro para tentar reatar seu relacionamento com ela. Sua empreitada foi feliz, conseguindo que a mulher reatasse consigo, ele quis voltar logo a sua terra natal. Seu sogro insistiu com ele por vários dias e segurou-o em sua companhia o máximo que pode.

Não havendo mais motivos para permanecer por ali, partiu com sua comitiva de volta para sua casa, nesta, ia ele, seu servo, sua concubina e animais com provisão. Chegaram muito tarde do dia em certa cidade e, não querendo andar mais temendo perigos, esperou na praça por alguém que lhe desse abrigo. Um senhor de idade avançada lhe forneceu a casa e com ele, ambos se alegraram aquela noite em meio a conversas e vinho.

Homens malignos e criminosos cercaram a casa e quiseram fazer mal ao sacerdote forasteiro, porém o anfitrião não permitiu e tomou a concubina do homem e a ofereceu aos de fora da casa[2]. Eles a estupraram durante toda a noite até ao amanhecer, quando a deixaram, e ela se arrastou até a porta do ancião, vindo a morrer com as mãos estendidas para a porta. O sacerdote sai e a chama para seguirem caminho, mas ela não responde. Ele a toma, põe sobre o jumento e a leva por todo o caminho até que chegue em sua casa.

Em casa, ele não a enterra, porém, a desmembra em doze pedaços e envia estas partes a cada tribo que compunha a nação em formação, pedindo que as mesmas falem e tomem providências contra esse ato tão vil perpetrado por integrantes de uma das tribos principais. Quatrocentos mil homens guerreiros se apresentaram diante dele em conselho para decidir o que seria feito. As palavras do texto para se referir ao estupro coletivo são: maldade; violação; vergonha e loucura.

As tribos enviaram notícia à tribo da qual os homens malignos pertenciam e pediram que ela os enviasse para que fossem castigados pela Lei de Talião[3]. A tribo não quis entregar os homens, ao contrário, juntou vinte e cinco mil soldados e foram à guerra naquele dia. Todos os vinte e cinco mil homens defensores dos malignos morrerem em batalha. Eram homens valentes e bons, porém, em nome da unidade de sua tribo, pereceram por defender o indefensável.

Aqui vai meu entendimento: Como aquele homem e aquela nação resolveram o caso de estupro coletivo que culminou na morte de uma mulher? Primeiro, o homem não executou por conta própria sua vingança pessoal, segundo, ele notificou a toda a sociedade o ocorrido e pediu justiça, terceiro, toda a sociedade foi chamada à responsabilidade de uma decisão coletiva, quarto, a sociedade toda decidiu por uma punição adequada para a época, quinto, os criminosos foram punidos e não as vítimas, e sexto, os que se insurgiram contra a decisão democrática da maioria também foram punidos.

Resguardadas as devidas proporções e cuidados, precisamos de mais convicção e dureza em nosso trato dos crimes hediondos e contra a vida em nossa amada terra!


Carlos Carvalho
Bispo, Teólogo e Cientista Social
29 de maio de 2016






[1] O concubinato era uma prática comum da antiguidade e, ainda nos dias atuais, em várias regiões do mundo é aceito.

 [2] Outra coisa extremamente importante naqueles dias era a questão de alguém ser anfitrião de outrem. O ancião ofereceu sua filha e a mulher do sacerdote para que os homens da casa fossem protegidos. Nada pode justificar tal ato, porém, no desespero de proteger seu convidado, viu como única saída fazer o que fez. Este ancião, tanto quanto o sacerdote erraram em não proteger a todos, mesmo que suas vidas estivessem em risco.

[3] A Lei de Talião advogava o famoso “olho por olho, dente por dente”.