terça-feira, 12 de novembro de 2013


DE MARA A ELIM

22 Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água.
23 Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara.
24 E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?
25 E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e ali os provou.
26 E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o Senhor que te sara.
27 Então vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas.
Êxodo 15:22-27

Este texto chama constantemente nossa atenção para uma série de coisas que atestam basicamente para a natureza de Deus e natureza do homem. Ambos estão envolvidos nesta narrativa que descreve a multidão de israelitas que foram retirados do Egito por uma enorme manifestação sobrenatural do poder de Deus que os levou da África a Ásia através da passagem do Mar Vermelho.

Eles são milagrosamente guiados e alimentados por Deus através da instrumentalidade de Moisés e de um grupo de líderes que vão surgindo ao longo da jornada. Logo no início da caminhada após estrarem no continente asiático atual, o texto já insere a narrativa de um caso interessante que ocorre às margens de uma fonte de água imprópria para o consumo. Aquele local ficou conhecido como Mara.

Haviam já caminhado por três dias e certamente as suas reservas de água tinham se exaurido. O povo clama a Moisés, que por sua vez roga a Yahweh e ele faz mais um milagre para manter a vida dos libertos. Uma árvore qualquer é usada para a realização do ato soberano de Deus e as águas se tornam puras para serem consumida pela multidão sedenta.

Os detalhes desse acontecimento é que nos chamam a atenção. É sobre esses detalhes que devemos colocar nossa mente com a finalidade de não repetirmos a mesma história com alto grau de semelhança em nossas vidas hoje. Gostaria de abordar de duas maneiras o acontecimento, pelo viés do próprio fato e posteriormente as suas lições para nós.

1 – Milagres não são suficientes para criar uma vida de fé firme em Deus.
O caso de Mara nos mostra que um povo que experimentou até ali as maiores provas do real poder criador e destruidor de Deus sobre o Egito e para preservar a vida deles, ainda assim, como neste caso e em outros mais que viriam, eles murmuravam, se rebelavam e transgrediam os mandamentos e as leis. Toda a gama dos poderosos feitos de Deus não foi capaz de gerar neles a confiança no próprio Deus.
É fato que apenas os milagres não vão gerar uma vida espiritual sadia em ninguém. A verdade é que pessoas que somente buscam e oram por milagres e mais nada, somente pedem pela manutenção e crescimento de sua vida material, são pessoas profundamente insatisfeitas com tudo. Os milagres realizados por Deus atestam muitas vezes para a nossa insatisfação em ser guiados por Ele.

2 – Os milagres sinalizam para algo maior: uma aliança.
É para isso que servem os milagres de Deus, para nos levar a reconhecer sua aliança, seu caráter, seu amor e justiça sobre nós e sobre o mundo. Deus mencionou a Moisés que se o povo obedecesse as suas orientações Ele faria uma aliança com eles de tal maneira que as doenças e pragas que foram enviadas ao Egito jamais viriam sobre o povo.
Isso é aliança, isso atesta para a natureza de Deus. Um Deus que está preocupado com seu povo e deseja o melhor para ele, mas que ao mesmo tempo não aceita a rebeldia e a transgressão deles quando dispensa seu amor e bondade para quem não lhe mostra respeito e não lhe honra. Todos os milagres da Bíblia mostram a aliança de Deus com os homens em algum nível. De Noé a Jesus tudo é resultado de alianças.

3 – Deus prova os corações dos homens.
Mara foi a primeira parada após a travessia do Mar Vermelho e lá Deus provou o povo. Já no início da jornada o próprio povo ficou de frente consigo mesmo. Descobriram sua ingratidão rapidamente, e sua rejeição a Deus logo se manifestou na perspectiva de que viam a Moisés como coautor dos acontecimentos negativos e com o responsável pelas soluções. Mara se transformou no primeiro espelho da alma daquelas pessoas.
Quando o ser humano é provado no nível mais profundo, no da sua sobrevivência é que descobrimos o quão hediondos podemos ser. É ali que vemos a manifestação de toda a crueldade que há no coração dos homens ou é neste nível que vemos a maior prova de altruísmo, solidariedade e amor à vida do outro. É aqui, neste ponto, onde a humanidade é dividida. Provar significa sujeitar alguém à dificuldades com a finalidade de demonstrar a sua qualidade.

AS LIÇÕES PARA HOJE

Na vida passaremos por lugares como Mara, lugares de amargor (é isso que significa a palavra) e precisamos estar preparados para isso. Dificuldades, problemas e angústias todos nós passamos e ninguém está isento disso, mas como passamos por isso é o que importa. Os israelitas daquele tempo foram provados e não passaram no teste de qualidade. Se e quando passarmos por coisas parecidas, ao invés de refletir ou orar, fizermos exatamente o que aquelas pessoas fizeram, também seremos reprovados na vida.

Lugares como Mara não são permanentes, são de passagem. Não iremos ficar a vida inteira lutando com nossos problemas e amarguras, eles passarão. Tudo passa e nada é permanente. As dores, as tristezas e as dificuldades acabam de uma forma ou de outra. Isso acontece, principalmente para nós os que cremos, porque Deus tem uma aliança conosco em Cristo Jesus e nos prometeu alívio, salvação, paz e respostas às nossas orações, mesmo quando apenas algumas não saem exatamente como pedimos. Lugares de provação são também lugares de aprovação da vida.

O alvo de Deus é Elim. Elim significa “lugares de palmeiras” ou “palmeiras”, e era um oásis com águas abundantes e sombra disponível para descansar. É interessante que essa localidade ainda exista nos dias de hoje com o nome de wadi Garandel na Arábia Saudita. Isto é um testemunho para além dos séculos que Deus é aquele que provê e sustenta seu povo que lhe ama e lhe serve. O Senhor sempre agirá com o objetivo de nos levar a lugares como Elim, locais de descanso e refrigério a fim de recobrar as forças para a jornada da vida, e isso ocorre na maioria das vezes após Mara.

Pense nisso!

© Bp. Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional


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