O Tamanho da Cegueira
Espiritual
“O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para
que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
2 Coríntios 4:4
Ao passar por
alguns dos jornais impressos ou não de nosso país, fica evidente a dimensão da
cegueira espiritual que prende nosso povo. A deficiência visual física, de
nascimento ou não, é uma condição humana da qual se faz necessárias políticas
públicas, pesquisa científica e médica, junto a ações sociais concretas para
minimizar e, quem sabe, num futuro próximo, trazer cura aos que sofrem com ela,
mas a cegueira espiritual não possui remédio simples ou técnica cirúrgica que
lhe dê fim.
Cegueira
espiritual é uma condição de alma, de espírito humano. É quando a pessoa não
tem a mínima percepção de coisas que estão para além de seu entorno ou de seu
mundo psíquico. É exatamente por isso que é um quadro difícil de perceber,
porque são coisas que se desenrolam em um ambiente para o qual a esmagadora
maioria das pessoas não foi preparada para discernir. Não possuímos máquinas
ainda capazes de nos dar um vislumbre do mundo espiritual.
Misticismos,
sincretismos religiosos, espiritualização das coisas físicas, magia, simpatias,
horóscopos, mapas astrais, bruxaria, idolatria, comunicação com os mortos,
lendas, adivinhações e coisas semelhantes são apenas a ponta do verdadeiro
iceberg da cegueira espiritual que envolve a nação. Esta cegueira vai mais
fundo e mais longe. Ela vai mais longe por ter-se iniciado antes mesmo de nossa
terra ser habitada, para além da antiguidade histórica, e vai mais fundo porque
está enraizada nas mentes e corações dos brasileiros pelo viés de nossa
cultura.
Esta cegueira
é um estado de mente que apenas o poder advindo do conhecimento e da revelação
do Evangelho de Jesus Cristo pode destruir. Somente a luz de Deus irradiada por
Cristo é capaz de iluminar a densidade das trevas espirituais de uma pessoa. Da
mesma forma, é exatamente por isso que o verdadeiro Evangelho sofre duros
golpes em nossa sociedade, na tentativa de calar sua voz. Há uma guerra não
vista, nas sombras, no mundo oculto para que a luz de Deus não brilhe nos
corações e nas mentes dos homens.
É claro que
com isso não desejamos uma sociedade “laica, “secularizada” ou “materialista”
em confronto direto com toda a espiritualização generalizada que se vê, nem uma
sociedade “espiritualizada”, “mística” ou “religiosa” em detrimento à
secularização dela, pois ambas as condições extremas são prejudiciais aos
valores e princípios da liberdade e da espiritualidade ensinadas por Jesus. O
ideal seria uma sociedade equilibrada entre esses dois pontos: o espiritual
sadio e o secular benéfico. Este sim é um tremendo desafio para os povos do século
XXI.
C. K. Carvalho
Teólogo e graduando em Ciências
Sociais
Pr. Sênior da Comunidade Batista
Bíblica
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