Retorno ou Avanço?
Frequentemente se ouve daqueles
que são mais antigos na membrezia das igrejas que não há mais pregadores,
mensagens, músicas e vida cristã como antigamente. Em parte esses queridos têm
razão, não porque cremos em seus espíritos saudosistas, mas precisamente porque
eles percebem que, na maioria das suas observações, os cristãos atuais não são
quase em nada parecidos com os de sua época ou geração.
Estes amados e amadas mais velhos
(de membrezia, não necessariamente em idade) não estão querendo um retorno aos
seus “tempos de outrora” como forma de resolver os problemas que vêem – pois
sabem que isso é impossível – mas, inconscientemente ou não, clamam por um
retorno da espiritualidade, da seriedade, da mensagem mais bíblica, do
testemunho da vida transformada, do louvor e adoração sem excessos carnais e
comerciais que marcaram seus corações antes.
No mesmo barco que estes, vivem
os mais jovens membros das igrejas modernas ou pós-modernas, que não
compreendem o passado, não admitem “coisas antigas”, que dominam a tecnologia e
desejam uma igreja que lhes seja relevante, agradável e atualizada. Para os
tais, o louvor e a adoração precisam ser extravagantes, dinâmicos, inovadores, com
toda a parafernália de som e luz e por aí vai. A mensagem precisa ser atual,
sensível aos problemas sociais e dramas existenciais, utilitarista, mais
cativante e interessante, por isso mesmo, o conteúdo é menos importante, desde
que atinja suas necessidades mais urgentes.
Ser pastor ou líder eclesiástico
num ambiente ambíguo desses é uma tarefa duplamente árdua. Por um lado, ele
deseja que os membros mais antigos permaneçam na igreja e continuem sentindo-se
parte da comunidade de fé sem lhes ferir a alma, por outro, também deseja que
os mais novos sejam igualmente cuidados e supridos em suas necessidades, sem
tampouco lhes dar razões para que seu senso de liberdade atual não prejudique a
sua caminhada cristã ou seu real crescimento espiritual.
Eis um fato inquestionável: não
se fazem mais pastores como antigamente, nem se gera mais crentes como
antigamente, isso porque não vivemos no passado, nem como antigamente. Tudo
mudou ou está mudando rápido demais. Os padrões sociais que se tinha antes
estão drasticamente definhando a cada ano e novas formas de comportamentos (não
necessariamente melhores) estão aparecendo e tomando lugar no mundo cada vez
mais rápido. Até os governos ocidentais mudam em função destes novos tempos.
Com isso temos os maiores
desafios pastorais e eclesiásticos para resolver hoje. Em primeiro lugar,
encontrar uma eclesiologia que abarque, senão a todos, ao menos a maioria dos
membros de nossas comunidades criando um ambiente onde possam ser estimulados à
plenitude da vida com Cristo, e segundo, é necessário pregar uma mensagem
atual, sensível aos problemas do ser humano e inspiradora, sem, contudo, abrir
mão do conteúdo bíblico e da doutrina dos apóstolos. Isto sim são desafios
contemporâneos!
E ninguém deita vinho novo em
odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o
vinho, e os odres se estragarão;
Mas o vinho novo deve deitar-se
em odres novos, e ambos juntamente se conservarão.
E ninguém tendo bebido o velho
quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.
Lucas 5.37-39
Bp. Carlos Carvalho
Teólogo e Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica
Nenhum comentário:
Postar um comentário