sexta-feira, 30 de outubro de 2015

dia da Reforma Protestante - 31 de outubro


DIA DA REFORMA PROTESTANTE
31 de outubro


Genuínos cristãos não comemoram a festa pagã chamada halloween no final do mês de outubro, mas sim, o dia da Reforma Protestante, que foi o pai de todos os movimentos libertários para a iluminação da mente humana.

Martinho Lutero nasceu em 1483 na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, em um lar muito religioso. Seu pai trabalhava nas minas e a família tinha uma vida confortável. Inicialmente, o jovem pretendeu seguir a carreira jurídica, mas em 1505 defrontou-se com a morte em uma tempestade e resolveu abraçar a vida religiosa. Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt, onde se dedicou a uma intensa busca da salvação. Em 1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Gálatas e Romanos. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: ela não era simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17).

No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a maneira usual de convidar-se uma comunidade acadêmica para debater algum assunto. Logo, uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a Roma a fim de responder à acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e afirmou que os concílios e os papas podiam errar.


Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta dias para retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da universidade queimaram a bula e um exemplar da lei canônica em praça pública. Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes, especialmente três: À Nobreza Cristã da Nação AlemãO Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão, Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas idéias. Foi promulgado contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo, sob a proteção do príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a sua tradução das Escrituras.



Bp. Carlos Carvalho

Teólogo e Cientista Social

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Predestinação ou Livre-arbítrio? Spurgeon tem algo a nos dizer



Nos primeiros três anos de minha fé, na década de 1990, não possuía recursos para a compra de livros cristãos ou revistas, por isso a minha leitura da Bíblia era (e até hoje o é) diária e sólida. Lembro-me que quando recebi minha primeira visita em casa, alguns meses após minha conversão, já tinha lido a Bíblia toda uma vez e estava na leitura do livro de Josué.

Por isto, desde cedo, obtive uma visão mais bíblica das doutrinas cristãs, e mais ainda porque não tinha acesso a livros teológicos, exceto o que nos era ensinado na Escola Bíblica Dominical. Também me lembro que desde os primeiros anos de minha fé tinha desenvolvido uma concepção que considerei escriturística sobre a predestinação e o livre-arbítrio. Quando era interpelado sobre o que eu achava ou cria acerca deste assunto, falava: “Creio na predestinação com base no livre-arbítrio!”

Acreditava e ainda acredito que esses dois assuntos não são contraditórios entre si, mas complementares. Se estas são verdades bíblicas, elas não podem se contradizer, mas se ajustar para nos dar um entendimento mais pleno da verdade de Deus. Decidi este ano reler alguns dos clássicos evangélicos do passado e separei em minha biblioteca certos livretos. Em um deles encontrei um texto interessante sobre este tema e reproduzo aqui:

“O sistema de verdades revelado nas Escrituras não se constitui somente de uma linha reta, porém de duas; e nenhum homem poderá obter uma visão correta do evangelho até que ele saiba como olhar para as duas linhas simultaneamente. Por exemplo, eu leio num dos livros da Bíblia: ‘O Espírito e a noiva dizem: vem. E aquele que ouve diga: vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida’.
No entanto, sou ensinado em outra parte da mesma Palavra inspirada que ‘não é daquele que deseja, nem daquele que corre, mas de Deus que mostra misericórdia’. Eu vejo por um lado, Deus presidindo em Sua providência sobre todas as coisas e, no entanto, não posso deixar de ver também que o homem age como ele bem entende e que Deus tem permitido, em grande medida, que suas ações sejam governadas por seu livre-arbítrio.
Entretanto, se eu declarasse que o homem tem liberdade suficiente para que pudesse agir sem o controle de Deus sobre suas atitudes, eu estaria muito próximo do ateísmo. Se, por outro lado, eu declarasse que Deus controla tudo de tal maneira que o homem deixa de ser livre o suficiente para ser responsável, eu estaria muito próximo do antinomianismo ou do fatalismo. Que Deus predestina e que o homem é responsável, são dois fatos que poucos podem ver claramente. Acredita-se que eles sejam incoerentes e contraditórios, mas não são.
A falha está na nossa fraca avaliação. Duas verdades não podem ser contrárias uma a outra. Se, por um lado, eu sou ensinado em parte da Bíblia que todas as coisas foram predeterminadas, isso é verdade; se, por outro lado, eu encontro em outra parte da Bíblia, que o homem é responsável por seus atos, isso também é verdade. É somente a minha insensatez que me leva a imaginar que essas duas verdades poderiam ser contraditórias.
Eu não creio que elas possam jamais ser caldeadas em nenhuma bigorna aqui na terra, mas certamente serão unidas na eternidade. Elas representam duas quase paralelas, tão próximas, que, quando a mente humana tenta segui-las por uma grande distância, jamais descobrirá que elas são convergentes, porém na verdade elas são e elas se encontrarão em algum lugar na eternidade, num local próximo ao trono de Deus, do qual toda verdade procede.”

Precisa de mais explicação?


Bp. Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica, Teólogo e Cientista Social
09 de outubro de 2015

Fonte:
SPURGEON, Charles Haddon. Verdades Chamadas Calvinistas: uma defesa. Publicações Evangélicas Selecionadas: São Paulo, 1976, p. 19-20.


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Autoalimentação espiritual

Autoalimentação espiritual

Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
João 6.57

Algumas pessoas saem de igrejas locais ou reclamam aos outros por um motivo, no mínimo, interessante: dizem que não estão sendo alimentadas naquela localidade. O Pr. Wayne Cordeiro, da Igreja New Hope de Oahu, no Havaí, descreveu em seu livro, “Uma igreja irresistível” uma situação semelhante. Ele contou que um de seus pastores colaboradores veio um dia ao escritório e lhe reclamou de cansaço e de que seu ministério ali tinha acabado porque não era alimentado espiritualmente pela igreja.

O pastor estranhou a reclamação porque o obreiro participava de todos os treinamentos disponíveis e já trabalhava na igreja por quatro anos. Wayne perguntou se ele estava reservando o período de devocional diário – algo essencial ensinado aos líderes em membros da igreja – a resposta do jovem pastor de vinte e oito anos, foi: “Não tenho tempo, ando ocupado demais!” É claro que aí estava o cerne do problema.

O pastor Wayne lhe fez uma hipótese: “Se meu filho de vinte e oito anos viesse a mim um dia magro, enfraquecido, de olhos fundos, corpo frágil e costelas aparecendo, e me dissesse que estava indo embora de casa porque ninguém está me alimentando aqui, o que você acha que eu diria a meu filho?” O jovem pastor chateado respondeu: “Alimente-se sozinho”. Esta era a resposta que ele sabia o tempo todo.

Nós somos responsáveis por nossa autoalimentação. A igreja e seus pastores são essenciais para nos treinar, nos encaminhar, nos preparar para o ministério e nos dar as mais diversas instruções para a vida cristã, mas no final das contas, eu é eu me disponho a seguir, obedecer e tomar o alimento espiritual por mim mesmo. Um técnico de futebol não joga o jogo no campo, mas sim os jogadores, ele apenas orienta, guia, escala e substitui, mas quem joga são os outros. Imagine se os jogadores não se prontificassem a jogar?

A ingestão de alimento espiritual não é responsabilidade de mais ninguém a não ser nossa. Precisamos nos alimentar regularmente da Palavra de Deus e manter nosso período de oração e intimidade com Ele no mesmo nível, senão sempre reclamaremos que alguém não está nos alimentando. Isto não é um convite à rebeldia, ao desprezo dos pastores e líderes que Deus colocou em sua vida, nem para que você saia da comunhão da igreja local, mas uma exortação à responsabilidade pessoal com seu crescimento em Cristo e na fé.


Sem se autoalimentar diariamente, fazendo isso apenas uma vez por semana, você está enfraquecendo sua saúde espiritual, destruindo sua vida de fé e ainda cometendo o pecado de transferir sua própria culpa a outros. Ajuste suas atitudes diárias para que possa desfrutar da vida espiritual que Ele reservou a você!


© Bp. Carlos Carvalho
Comunidade Batista Bíblica
Teólogo e Cientista Social
29 de setembro de 2015

Referência:

CORDEIRO, Wayne. A igreja irresistível: características de uma igreja que arranca aplausos do céu / Wayne Cordeiro; prefácio por Bill Hybels; [tradução Jurandyr Bravo].  – São Paulo: Editora vida, 2012.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Palavras de Lloyd-Jones


Bp. Carlos Carvalho, 06/10/2015


Não basta você crer na verdade; você deve ter cuidado de aplicar da maneira certa o que você crê.

O primeiro objetivo da pregação do evangelho não é salvar almas; é glorificar a Deus.

Cristo nos dá uma vida maravilhosa, e louvamos a deus por isso, mas a verdadeira razão para nos tornar cristãos não é que tenhamos uma vida maravilhosa; e, antes, que estejamos em correta relação com Deus.

O nosso dever não é simplesmente aumentar o tamanho das nossas classes de estudo da Bíblia ou das nossas organizações e igrejas. O nosso dever é reconciliar almas com Deus.

É um perigo isolar um texto ou uma ideia e construir um sistema em torno dessa ideia ou desse texto, em vez de comparar Escritura com Escritura.

O Novo Testamento nos diz que fomos redimidos dos nossos pecados pelo precioso sangue de Cristo e, portanto, não temos direito de viver uma vida pecaminosa.

Temos que fabricar tempo. Temos que estudar, trabalhar, suar e orar para podermos conhecer a verdade cada vez mais perfeitamente.












David Martyn Lloyd-Jones (1899-1981) foi um teólogo protestante na linha calvinista de origem galesa que foi influente na ala reformada do movimento evangélico britânico no século 20. Por quase 30 anos, ele foi o ministro da Capela de Westminster, em Londres.


Referência

LLOYD-JONES, D. M. A Apresentação do Evangelho. São Paulo: PES, 1993.