Bonifácio significa: "aquele
que faz o bem", seu nome verdadeiro era Vinfrido (Wynfrith ou Winfrid; com
o mesmo significado em anglo-saxão), também foi chamado de “Apóstolo dos
Germanos”. Contra a vontade do pai se devotou muito jovem ainda à vida
monástica. Estudou teologia nos mosteiros beneditinos de Adescancastre, perto
de Exeter, e de Nursling, entre Winchester e Southampton, tendo por mestre
neste último o abade Winbert, e ao final, tornou-se professor no mosteiro e
ordenado padre aos trinta anos. Alí foi o responsável pela escritura da
primeira gramática de latim produzida na Inglaterra.
Em 716 foi como missionário para
a Frísia, pretendendo converter os Frísios, habitantes locais que falavam um
idioma semelhante ao anglo-saxão que ele pregava, mas os seus esforços
redundaram em nada a partir do momento em que se declarou a guerra entre Carlos
Martel, prefeito do palácio do reino dos Francos, e Radbod, rei dos Frísios.
Retornou, por isso, ao seu mosteiro de Nursling.
Sua segunda missão ao continente
europeu iniciou-se em 718; foi a Roma, onde conheceu o Papa Gregório II, e para
que demonstrasse sua submissão à Diocese
de Roma, o Papa lhe impôs um novo nome, o de Bonifácio, e depois enviado à
Germânia, com a missão de a evangelizar e de reorganizar a Igreja nessa região
ainda bárbara.
Ao longo dos cinco anos seguintes, Bonifácio viajou por
territórios que modernamente fazem parte dos Estados alemães de Hessen,
Turíngia, e ainda pela região neerlandesa da Frísia; a 30 de Novembro de 722,
foi feito bispo de todos os territórios da Germânia que ele trouxera recentemente
para as mãos da Igreja.
Um acontecimento-chave da sua
vida ocorreu em 723, quando derrubou o carvalho sagrado dedicado ao deus Thor,
perto da moderna cidade de Fritzlar, no norte do Hesse, e construiu uma pequena
capela a partir da sua madeira, no local onde hoje se ergue a catedral de
Fritzlar, e aonde se viria a estabelecer a primeira sede de bispado na Alemanha
ao norte do antigo limes romano, junto do povoado fortificado franco de
Buraburgo, numa montanha próxima da cidade, junto do rio Éder. Este
acontecimento é considerado como o início formal da cristianização da Germânia.
A história da igreja conta que Bonifácio
viajou com um pequeno grupo de pessoas na região da Baixa Saxônia. Ele conhecia
uma comunidade de pagãos perto de Geismar que, no meio do inverno, realizavam
um sacrifício humano (onde a vítima normalmente era uma criança) a Thor, o deus
do trovão, na base de um carvalho o qual consideravam sagrado e que era
conhecido como “O Carvalho do Trovão”. Bonifácio, acatando o conselho de um
irmão bispo, quis destruir o Carvalho do Trovão não somente a fim de salvar a
vítima, mas também para mostrar àqueles pagãos que ele não seria derrubado por
um raio lançado por Thor.
O bispo e seus companheiros
chegaram à aldeia na véspera de Natal, bem a tempo para interromper o
sacrifício. Com seu báculo de bispo na mão, Bonifácio se aproximou dos pagãos
que estavam reunidos na base do Carvalho do Trovão e lhes disse: “Aqui está o
Carvalho do Trovão e aqui a cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o
deus falso”. O verdugo levantou um martelo para matar o pequeno menino que
tinha sido entregue para o sacrifício. Mas, o Bispo estendeu seu báculo para
impedir o golpe e milagrosamente quebrou o grande martelo de pedra e salvou a
vida deste menino.
Logo, dizem que Bonifácio disse
ao povo: “Escutai filhos do bosque! O sangue não fluirá esta noite, a não ser
que piedade se derrame do peito de uma mãe. Porque esta é a noite em que nasceu
Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que
Baldur, maior que Odim, o Sábio, mais gentil do que Freya, o Bom. Desde sua
vinda, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem chamaram em vão, é a
morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. Desta
forma, a partir de agora vocês começarão a viver. Esta árvore sangrenta nunca
mais escurecerá sua terra. Em nome de Deus, vou destruí-la”.
Então, Bonifácio pegou um machado
que estava perto dele e, segundo a tradição, quando o brandiu poderosamente ao
carvalho, uma grande rajada de vento atingiu o bosque e derrubou a árvore,
inclusive as suas raízes. A árvore caiu no chão, quebrou-se em quatro pedaços. O
“Apóstolo da Alemanha” continuou pregando ao povo alemão que estava assombrado
e não podia acreditar que o assassino do Carvalho de Thor não tivesse sido
ferido por seu deus.
Bonifácio olhou mais à frente
onde jazia o carvalho e assinalou um pequeno abeto e disse: “Esta pequena
árvore, este pequeno filho do bosque, será sua árvore santa esta noite. Esta é
a madeira da paz…É o sinal de uma vida sem fim, porque suas folhas são sempre
verdes. Olhem como as pontas estão dirigidas para o céu. Terá que chamá-lo a
árvore do Menino Jesus; reúnam-se em torno dela, não no bosque selvagem, mas em
seus lares; ali haverá refúgio e não haverá ações sangrentas, mas presentes
amorosos e gestos de bondade”.
Desta forma, os alemães começaram
uma nova tradição nessa noite, a qual foi estendida até os nossos dias. Ao
trazer um abeto a seus lares, decorando-o com velas e ornamentos e ao celebrar
o nascimento do Salvador, o Apóstolo da Alemanha e seu rebanho nos mostraram o
que hoje conhecemos como a árvore de Natal.
De uma maneira mais “seca” em
outra narrativa podemos ler quase a mesma história sobre Bonifácio e a primeira árvore de Natal:
A história da festiva árvore
começa nas densas florestas da Germânia, no século VIII. O grande São
Bonifácio, bispo e apóstolo daquelas terras, havia então trazido um bom número
de tribos pagãs ao rebanho de Jesus Cristo. Mas seu labor não era fácil. Por
vezes, os conversos, cuja fé ainda era vacilante, recaíam nos perversos
costumes de seus antepassados.
Em certa ocasião, Bonifácio teve
de realizar uma longa viagem a Roma, onde fora pedir conselho ao Papa Gregório
II. Meses depois, ao retornar à região do Baixo Hesse, com horror surpreendeu
alguns nativos que estavam a ponto de realizar um dos holocaustos humanos
exigidos pela religião primitiva. Libertando nove meninos que seriam vítimas, o
zeloso bispo quis, então, dar um público testemunho de quão impotentes eram os
falsos deuses diante do Cordeiro de Deus.
Mandou abater o enorme carvalho
de Thor, sob o qual se realizaria o sangrento sacrifício. Os sacerdotes pagãos
o ameaçaram de ser fulminado pelos raios do deus do trovão. No entanto,
derrubada a árvore, nada aconteceu, para humilhação dos gentios.
Os relapsos se arrependeram, então, e muitos idólatras
pediram o batismo. A queda da árvore de Thor representou a queda do paganismo
naquelas regiões.
Os germanos, já então pacificados
e convertidos, adotaram o pinheirinho como um símbolo cristão. Ele sempre
aponta para o céu, e sua ramagem eternamente verde lembra-nos Aquele que nos
concedeu a vida eterna. Sob seus galhos já não há ofertas cruéis, mas sim os
presentes em honra de Cristo recém-nascido.
Carlos Carvalho
Teólogo
Fonte:
As fontes das histórias estão por toda a internet. Fiz uma
coletânea de algumas delas e compus o texto acima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário