A Unidade Evangélica e sua fraca e delicada estrutura
26 de janeiro de 2016
Durante muito tempo assistimos –
ou melhor, lemos e vemos – principalmente nas redes sociais, uma verdadeira
guerra interna na Igreja Evangélica Brasileira com séries e mais séries de
ataques de todos os lados, não apenas entre “calvinistas e arminianos”, mas
também entre pentecostais, ultrapentecostais e os não pentecostais.
Cada um de per si, tenta produzir razões e justificativas para a defesa de sua
“fé” particular, enquanto, ao mesmo tempo, ironiza e desacredita o seu
“oponente” (que é irmão em Cristo) com sua sapiência e argumentos
teológico-filosóficos, conexões textuais histórico-críticas que por vezes se
perdem no emaranhado de tentativas de explicações e que nada produzem de
edificação cristã.
Outros apenas mostram suas
peripécias evangélicas pelo “poder” de Deus ou do Espírito que “cai” e se
“manifesta” durante os cultos e diversos pregadores demonstram seu quase nenhum
conhecimento das Escrituras com chavões e clichês que impulsionam sua platéia a
“receberem” esse tal poder e expor-se a situações que beiram ao ridículo ou
muito parecidas com a de outras religiões não cristãs.
A “guerra” evangélica se tornou
tão evidente que uma parte de seus fomentadores precisou produzir um documento
para tentar barrar os extremos – ao menos de um lado. Augusto Nicodemos Lopes,
Jonas Madureira, Paulo Romeiro e mais trinta ministros protestantes de várias
igrejas históricas assinaram o que chamaram de “Nota Pública sobre Debates
Teológicos entre Calvinistas e Arminianos”, como forma de repúdio às agressões
e ataques provocados pelos “militantes da defesa da fé”.
No ano de 2015, publiquei um
artigo em uma de minhas redes sociais acerca das atitudes que os verdadeiros
cristãos deveriam promover ao invés de digladiarem entre si por questões de
palavras, opiniões pessoais, doutrinas particulares, posições teológicas
denominacionais ou acadêmicas ou fazerem com que os perdidos e não cristãos
percebam e vejam o tamanho do abismo que existe em nossa comunhão. Abaixo
reproduzo uma pequena parte dele:
“É um fato incontestável de que o Brasil é um país
cristão, mesmo que uma parte destes cristãos não seja praticante e também é
verdadeiro que há minorias religiosas e não religiosas em nosso país. Por isso
é necessário que os cristãos se unam em síntese para:
1) Promover a paz
inter-religiosa. São os cristãos que devem primeiramente promover o diálogo
para a liberdade religiosa plena.
2) Os cristãos devem defender
seus direitos religiosos em todos os âmbitos do diálogo, tanto em fóruns, como
no Congresso Nacional.
3) Cristãos devem militar em
defesa dos grandes temas sociais, como o da preservação da vida, da erradicação
da pobreza, da mitigação da violência em todos os níveis, da igualdade entre os
homens e mulheres, da defesa da criança e da formação do adolescente, da
liberdade, da natureza, no combate a todas as drogas (lícitas ou ilícitas), no
combate ao abuso sexual de todos os moldes, no combate sequestro e
desaparecimento de crianças, no combate ao tráfico humano e de órgãos e assim
por diante.
4) Cristãos devem lutar por
políticas públicas que melhorem de fato a vida dos habitantes de nossa nação,
sem exclusão de pessoas.
5) São os cristãos que devem
estar na dianteira na luta dos direitos humanos, nas questões dos apenados, dos
órfãos, dos estrangeiros e na saúde.
6) Cristãos devem trabalhar em
parceria em todas as áreas científicas, do saber humano e da pesquisa
tecnológica e do progresso para o benefício da sociedade humana.
7) Devem unir-se na defesa dos
princípios cristãos da família, do casamento, do gênero, do convívio social, da
igualdade racial, da paz entre todos, da solidariedade, das Escrituras
Sagradas, do amor fraterno e da fé em Cristo.
8) Por fim, os cristãos devem
se unir à Academia, ao Governo e às Organizações Civis para impedir todo e
qualquer processo humano ou governamental que vise destruir o estilo de vida
que o Cristianismo ajudou a construir no mundo.”
Concluo dizendo que é profundamente fraca, delicada e
frágil a estrutura e o tecido “evangélico” que nos une como “povo de Deus”.
Para além de tudo isso, ainda precisamos conviver diariamente com outros, ditos
cristãos, que atentam frontalmente contra as Escrituras, as doutrinas
fundamentais da fé cristã e contra a ética, a moral e os bons costumes que
temos de demonstrar ao mundo por causa da responsabilidade da cruz que
carregamos (Marcos 8.34).
Como se isso não bastasse, lidamos com grupos
isolados, separatistas, desviantes, intransigentes, rebeldes, desigrejados e
individualistas que mais parecem com pseudocristãos do que com filhos e filhas
de Deus em Cristo Jesus. E sem deixar de mencionar os reais pseudocristãos (o
joio) e os lobos devoradores vestidos de ovelhas em nosso meio (Mateus 7.15). Far-nos-á
muito bem lermos as Escrituras de vez em quando com o objetivo de moldar nossas
ações diante dos homens e por amor à Igreja de Jesus:
...E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de
muitos esfriará.
Mateus 24.12
MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos
tempos apostatarão alguns da fé...
1 Timóteo 4.1...
SABE, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão
tempos difíceis...
2 Timóteo 3.1...
E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como
entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente
heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina perdição.
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais
será blasfemado o caminho da verdade.
E por avareza farão de vós negócio com palavras
fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua
perdição não dormita...
2 Pedro 2.1...
...Estes são os que causam divisões, sensuais, que não
têm o Espírito.
Epístola de Judas
Cristãos, uni-vos!
© Carlos
Carvalho
Teólogo e Pr. Sênior da
Comunidade Batista Bíblica