quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A Unidade Evangélica e sua fraca e delicada estrutura


A Unidade Evangélica e sua fraca e delicada estrutura
26 de janeiro de 2016

Durante muito tempo assistimos – ou melhor, lemos e vemos – principalmente nas redes sociais, uma verdadeira guerra interna na Igreja Evangélica Brasileira com séries e mais séries de ataques de todos os lados, não apenas entre “calvinistas e arminianos”, mas também entre pentecostais, ultrapentecostais e os não pentecostais.

Cada um de per si, tenta produzir razões e justificativas para a defesa de sua “fé” particular, enquanto, ao mesmo tempo, ironiza e desacredita o seu “oponente” (que é irmão em Cristo) com sua sapiência e argumentos teológico-filosóficos, conexões textuais histórico-críticas que por vezes se perdem no emaranhado de tentativas de explicações e que nada produzem de edificação cristã.

Outros apenas mostram suas peripécias evangélicas pelo “poder” de Deus ou do Espírito que “cai” e se “manifesta” durante os cultos e diversos pregadores demonstram seu quase nenhum conhecimento das Escrituras com chavões e clichês que impulsionam sua platéia a “receberem” esse tal poder e expor-se a situações que beiram ao ridículo ou muito parecidas com a de outras religiões não cristãs.

A “guerra” evangélica se tornou tão evidente que uma parte de seus fomentadores precisou produzir um documento para tentar barrar os extremos – ao menos de um lado. Augusto Nicodemos Lopes, Jonas Madureira, Paulo Romeiro e mais trinta ministros protestantes de várias igrejas históricas assinaram o que chamaram de “Nota Pública sobre Debates Teológicos entre Calvinistas e Arminianos”, como forma de repúdio às agressões e ataques provocados pelos “militantes da defesa da fé”.

No ano de 2015, publiquei um artigo em uma de minhas redes sociais acerca das atitudes que os verdadeiros cristãos deveriam promover ao invés de digladiarem entre si por questões de palavras, opiniões pessoais, doutrinas particulares, posições teológicas denominacionais ou acadêmicas ou fazerem com que os perdidos e não cristãos percebam e vejam o tamanho do abismo que existe em nossa comunhão. Abaixo reproduzo uma pequena parte dele:

“É um fato incontestável de que o Brasil é um país cristão, mesmo que uma parte destes cristãos não seja praticante e também é verdadeiro que há minorias religiosas e não religiosas em nosso país. Por isso é necessário que os cristãos se unam em síntese para:

1)      Promover a paz inter-religiosa. São os cristãos que devem primeiramente promover o diálogo para a liberdade religiosa plena.

2)      Os cristãos devem defender seus direitos religiosos em todos os âmbitos do diálogo, tanto em fóruns, como no Congresso Nacional.

3)      Cristãos devem militar em defesa dos grandes temas sociais, como o da preservação da vida, da erradicação da pobreza, da mitigação da violência em todos os níveis, da igualdade entre os homens e mulheres, da defesa da criança e da formação do adolescente, da liberdade, da natureza, no combate a todas as drogas (lícitas ou ilícitas), no combate ao abuso sexual de todos os moldes, no combate sequestro e desaparecimento de crianças, no combate ao tráfico humano e de órgãos e assim por diante.

4)      Cristãos devem lutar por políticas públicas que melhorem de fato a vida dos habitantes de nossa nação, sem exclusão de pessoas.

5)      São os cristãos que devem estar na dianteira na luta dos direitos humanos, nas questões dos apenados, dos órfãos, dos estrangeiros e na saúde.

6)      Cristãos devem trabalhar em parceria em todas as áreas científicas, do saber humano e da pesquisa tecnológica e do progresso para o benefício da sociedade humana.

7)      Devem unir-se na defesa dos princípios cristãos da família, do casamento, do gênero, do convívio social, da igualdade racial, da paz entre todos, da solidariedade, das Escrituras Sagradas, do amor fraterno e da fé em Cristo.

8)      Por fim, os cristãos devem se unir à Academia, ao Governo e às Organizações Civis para impedir todo e qualquer processo humano ou governamental que vise destruir o estilo de vida que o Cristianismo ajudou a construir no mundo.”

Concluo dizendo que é profundamente fraca, delicada e frágil a estrutura e o tecido “evangélico” que nos une como “povo de Deus”. Para além de tudo isso, ainda precisamos conviver diariamente com outros, ditos cristãos, que atentam frontalmente contra as Escrituras, as doutrinas fundamentais da fé cristã e contra a ética, a moral e os bons costumes que temos de demonstrar ao mundo por causa da responsabilidade da cruz que carregamos (Marcos 8.34). 

Como se isso não bastasse, lidamos com grupos isolados, separatistas, desviantes, intransigentes, rebeldes, desigrejados e individualistas que mais parecem com pseudocristãos do que com filhos e filhas de Deus em Cristo Jesus. E sem deixar de mencionar os reais pseudocristãos (o joio) e os lobos devoradores vestidos de ovelhas em nosso meio (Mateus 7.15). Far-nos-á muito bem lermos as Escrituras de vez em quando com o objetivo de moldar nossas ações diante dos homens e por amor à Igreja de Jesus:

...E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
Mateus 24.12

MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé...
1 Timóteo 4.1...

SABE, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis...
2 Timóteo 3.1...

E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.
E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita...
2 Pedro 2.1...

...Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.
Epístola de Judas

Cristãos, uni-vos!


© Carlos Carvalho

Teólogo e Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica

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