sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Princípio das Dores


O Princípio das Dores
Mateus 24.1-14

Este é um assunto ao mesmo tempo interessante e esclarecedor. O princípio das dores é um período histórico que, segundo Jesus, iria começar após a destruição do Templo em Jerusalém, em 70 d.C. ao menos é isso que dá a entender de sua resposta após a pergunta tripla dos discípulos sobre o que ele tinha dito nos versículos 1 e 2, quando mostraram para ele a beleza e suntuosidade do Templo e de suas pedras engastadas.

Ele disse que tudo viria ao chão, aludindo a uma futura destruição daquele local sagrado, e, então, os discípulos ficaram curiosos e lhes perguntaram quando aquilo iria acontecer, que sinais demonstrariam seu retorno e de quando seria o fim de tudo – isso no versículo 3. Jesus passa a discorrer sua resposta inicialmente, lhes falando do primeiro período, o princípio das dores.

Esse período também corresponde aos chamados “últimos dias” mencionados em Atos dos apóstolos e nas cartas paulinas. Os últimos dias foram profetizados pelo profeta Joel (Joel 2.28-32) e mencionado por Pedro em sua primeira pregação pública após a descida do Espírito Santo em Atos 2.14-21. Com o advento de Atos 2, entre os anos 29-31 d.C., somado à destruição do Templo em 70 d.C., estabelece-se o início do “princípio das dores”.

Quais as características essenciais deste período narrado por Jesus? Vejamos a extraordinária exatidão com os acontecimentos que se multiplicam até os nossos dias:

1)      A aparição de diversas pessoas dizendo-se serem o próprio Jesus Cristo (v.4,5). E até hoje isso ainda não parou.

2)      Guerras e possibilidades de guerras (v.6).

3)      Conflitos internacionais diversos (v.7)

4)      Pessoas passando fome e morrendo dela (v.7).

5)      Terremotos em vários lugares (v.7). Na época de Jesus não se conhecia a quantidade de terremotos que vemos hoje e não era por falta de informações.

6)      Perseguição e morte de cristãos (v.9). Existem hoje dezenas de nações onde a fé cristã não é aceita, é perseguida, impedida de crescer e penalizada com morte.

7)      A destruição das relações humanas (v.10).Um fato cada vez mais grave em nossos dias.

8)      Falsos profetas (v.11), que têm o único intuito, conscientes ou não, de, falando em nome de Deus e da parte de Deus, produzirão engano na vida das pessoas (não poucas) que acreditarem no que eles dizem.

9)      O esfriamento do amor nos corações por causa do aumento intenso do pecado e da iniquidade no mundo (v.12). De tanto ver o mal, as pessoas deixarão paulatinamente de crer na bondade e no amor.

10)  A perseverança de um pequeno número de crentes (v.13) possibilitará a salvação destes.

11)  A maior onda de evangelização da história humana se dará neste período (v.14). Com tudo lhes sendo desfavorável, os cristãos genuínos promoverão um último esforço global para comunicarem a mensagem do evangelho do Reino.

12)  Dando início ao fim (v.14) do “princípio das dores” e iniciando o período da “tribulação”.

Qual o objetivo de toda essa explicação? Demonstrar aos queridos e queridas que não importa o que fizermos em termos de jornadas de oração, campanhas de oração, batalha espiritual ou guerra de poderes, um fato permanece: aquilo que Jesus disse que viria, não pode ser impedido pela igreja. A igreja de Jesus não pode fazer nada contra as profecias do próprio Cristo. Elas se cumprirão, e, portanto, não se assustem ou se incomodem com os eventos que estão acontecendo nos nossos dias, ou os que estão por vir. Eles são inevitáveis!

O mundo caminha para a chegada do anticristo, para o governo global, para o controle total e para a religião universal do falso profeta que também virá. Tudo o que vemos é o caminho de preparação que visa enganar, camuflar e confortar malignamente o coração daqueles que não receberam nem receberão o amor da verdade para serem salvos (2 Tessalonicenses 2). Tudo isso já foi previsto por Deus em sua Palavra!

Cabe a nós, ao menos algumas coisas: 1) Amar a Deus e a Seu Filho acima de todas as coisas, 2) Continuar servindo-o na igreja e em seu reino, 3) Continuar demonstrando a fé e o amor cristão pelos irmãos e pelo próximo, 4) Manter nossa comunhão com o Espírito Santo, 5) Interceder pelos perdidos e evangelizar o máximo de pessoas que pudermos, 6) Viver nossa santidade pessoal no espírito, alma e corpo, 7) Cuidar de nossos próprios negócios, trabalho e carreira em paz, 8) Investir em missões e 9) Crescer na graça, no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra aguardando ansiosos nosso encontro final com Ele.

Entenda o que desejo lhe falar. O que escrevi não é um chamado para a passividade, para o isolamento, para a não reação ou para que você, ao saber disso tudo, deixe de lutar na vida ou servir a Deus. Também não é um chamado ultracalvinista, que lhe impedirá de realizar a obra de Deus e cruzar os braços para a salvação dos perdidos.

Ao contrário, é um chamado à consciência cristã, que percebe a realidade espiritual do mundo e das pessoas ao seu redor, mas compreende que Deus tem um plano de salvação para todos os que responderem ao Seu chamado, tornado-se eleitos de Deus. É um chamado para que você não gaste nem despenda energia e recursos em direções que não trarão resultados esperados ou satisfatórios para o reino de Deus nem para a sua vida.

É uma convocação para o trabalho consciente na obra de Deus, para não nos iludirmos com a possível melhoria de um mundo sem Deus em Cristo reinando no seu coração e vida e para que continuemos fazendo a vontade do Senhor na esperança de seu retorno que culminará, por fim, num mundo novo que Ele criará para a nova humanidade.


Bp. Carlos Carvalho
Teólogo e Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica

Janeiro de 2016

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