Mateus 24.1-14
Este é um assunto ao mesmo tempo
interessante e esclarecedor. O princípio das dores é um período histórico que,
segundo Jesus, iria começar após a destruição do Templo em Jerusalém, em 70
d.C. ao menos é isso que dá a entender de sua resposta após a pergunta tripla
dos discípulos sobre o que ele tinha dito nos versículos 1 e 2, quando
mostraram para ele a beleza e suntuosidade do Templo e de suas pedras
engastadas.
Ele disse que tudo viria ao chão,
aludindo a uma futura destruição daquele local sagrado, e, então, os discípulos
ficaram curiosos e lhes perguntaram quando aquilo iria acontecer, que sinais
demonstrariam seu retorno e de quando seria o fim de tudo – isso no versículo
3. Jesus passa a discorrer sua resposta inicialmente, lhes falando do primeiro
período, o princípio das dores.
Esse período também corresponde
aos chamados “últimos dias” mencionados em Atos dos apóstolos e nas cartas
paulinas. Os últimos dias foram profetizados pelo profeta Joel (Joel 2.28-32) e
mencionado por Pedro em sua primeira pregação pública após a descida do
Espírito Santo em Atos 2.14-21. Com o advento de Atos 2, entre os anos 29-31
d.C., somado à destruição do Templo em 70 d.C., estabelece-se o início do
“princípio das dores”.
Quais as características
essenciais deste período narrado por Jesus? Vejamos a extraordinária exatidão
com os acontecimentos que se multiplicam até os nossos dias:
1)
A aparição de diversas pessoas dizendo-se serem
o próprio Jesus Cristo (v.4,5). E até hoje isso ainda não parou.
2)
Guerras e possibilidades de guerras (v.6).
3)
Conflitos internacionais diversos (v.7)
4)
Pessoas passando fome e morrendo dela (v.7).
5)
Terremotos em vários lugares (v.7). Na época de
Jesus não se conhecia a quantidade de terremotos que vemos hoje e não era por
falta de informações.
6)
Perseguição e morte de cristãos (v.9). Existem
hoje dezenas de nações onde a fé cristã não é aceita, é perseguida, impedida de
crescer e penalizada com morte.
7)
A destruição das relações humanas (v.10).Um fato
cada vez mais grave em nossos dias.
8)
Falsos profetas (v.11), que têm o único intuito,
conscientes ou não, de, falando em nome de Deus e da parte de Deus, produzirão
engano na vida das pessoas (não poucas) que acreditarem no que eles dizem.
9)
O esfriamento do amor nos corações por causa do
aumento intenso do pecado e da iniquidade no mundo (v.12). De tanto ver o mal,
as pessoas deixarão paulatinamente de crer na bondade e no amor.
10) A
perseverança de um pequeno número de crentes (v.13) possibilitará a salvação
destes.
11) A
maior onda de evangelização da história humana se dará neste período (v.14).
Com tudo lhes sendo desfavorável, os cristãos genuínos promoverão um último
esforço global para comunicarem a mensagem do evangelho do Reino.
12) Dando
início ao fim (v.14) do “princípio das dores” e iniciando o período da
“tribulação”.
Qual o objetivo de toda essa
explicação? Demonstrar aos queridos e queridas que não importa o que fizermos
em termos de jornadas de oração, campanhas de oração, batalha espiritual ou
guerra de poderes, um fato permanece: aquilo que Jesus disse que viria, não
pode ser impedido pela igreja. A igreja de Jesus não pode fazer nada contra as
profecias do próprio Cristo. Elas se cumprirão, e, portanto, não se assustem ou
se incomodem com os eventos que estão acontecendo nos nossos dias, ou os que
estão por vir. Eles são inevitáveis!
O mundo caminha para a chegada do
anticristo, para o governo global, para o controle total e para a religião
universal do falso profeta que também virá. Tudo o que vemos é o caminho de
preparação que visa enganar, camuflar e confortar malignamente o coração
daqueles que não receberam nem receberão o amor da verdade para serem salvos (2
Tessalonicenses 2). Tudo isso já foi previsto por Deus em sua Palavra!
Cabe a nós, ao menos algumas
coisas: 1) Amar a Deus e a Seu Filho acima de todas as coisas, 2) Continuar
servindo-o na igreja e em seu reino, 3) Continuar demonstrando a fé e o amor
cristão pelos irmãos e pelo próximo, 4) Manter nossa comunhão com o Espírito
Santo, 5) Interceder pelos perdidos e evangelizar o máximo de pessoas que
pudermos, 6) Viver nossa santidade pessoal no espírito, alma e corpo, 7) Cuidar
de nossos próprios negócios, trabalho e carreira em paz, 8) Investir em missões
e 9) Crescer na graça, no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra
aguardando ansiosos nosso encontro final com Ele.
Entenda o que desejo lhe falar. O
que escrevi não é um chamado para a passividade, para o isolamento, para a não
reação ou para que você, ao saber disso tudo, deixe de lutar na vida ou servir
a Deus. Também não é um chamado ultracalvinista, que lhe impedirá de realizar a
obra de Deus e cruzar os braços para a salvação dos perdidos.
Ao contrário, é um chamado à
consciência cristã, que percebe a realidade espiritual do mundo e das pessoas
ao seu redor, mas compreende que Deus tem um plano de salvação para todos os
que responderem ao Seu chamado, tornado-se eleitos de Deus. É um chamado para
que você não gaste nem despenda energia e recursos em direções que não trarão
resultados esperados ou satisfatórios para o reino de Deus nem para a sua vida.
É uma convocação para o trabalho
consciente na obra de Deus, para não nos iludirmos com a possível melhoria de
um mundo sem Deus em Cristo reinando no seu coração e vida e para que continuemos
fazendo a vontade do Senhor na esperança de seu retorno que culminará, por fim,
num mundo novo que Ele criará para a nova humanidade.
Bp. Carlos Carvalho
Teólogo e Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica
Janeiro de 2016
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