Salmo 51
O salmo 51 é
ao mesmo tempo revelador e um entrave. Ele foi escrito por Davi logo depois que
o profeta Natã esteve em seu palácio para lhe lançar em rosto o crime e pecado
que o rei havia cometido. Crime contra a vida de Urias, marido de Bate-Seba, enviando-o
ao front de batalha para que
morresse, e pecado por ter cometido adultério com ela.
Ele é
revelador porque nos mostra algumas características essenciais da estrutura
humana. Primeiro, nos revela que o homem não é naturalmente bom e que se torna
mau pelo meio onde vive ou pelas influencias que recebe. O ser humano nasce com
a tendência para o mal, para o pecado. Qualquer pessoa já discerniu as emoções
de uma criança nos primeiros anos de vida. Todos sabem do egoísmo e sentimento
de posse que o infante tem, mesmo com aquilo que não é dele.
Segundo, nos
revela que não há ninguém que não possua pecado. Mesmo o melhor dos homens e
das mulheres possuem deficiências morais, éticas e comportamentais em algum
nível, mesmo que os outros não vejam. Alguém já disse que pecado atinge as
melhores famílias, mesmo a família do rei. Ninguém é plenamente puro, impecável,
imparcial, limpo ou justo, exceto Jesus. Todos pecaram, diz as Escrituras
(Romanos 3.23).
Terceiro, o
salmo 51 revela que os problemas do ser humano, aqueles que os sem fé tanto
criticam a Deus por existirem, são gerados no coração do próprio homem e não
culpa de Deus. Este salmo revela de quem é a culpa pelas mortes, pelas guerras,
pela ganância, pelos estupros, pelo aborto, pelas doenças transmissíveis, pelas
consequências das drogas, do álcool e do tabagismo. De quem é a culpa pelas
separações, pela destruição das famílias, pela corrupção, pelos pecados
sexuais? Do próprio homem!
Mas este salmo
também é um entrave. Entrave para muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas
freudianos, para libertinos e hedonistas, para narcisistas e ególatras. E um
estrave de duas pontas: dos conceitos de pecado e de culpa. Os homens procuram
fugir desses conceitos verdadeiros de todas as formas possíveis, conceituais e
religiosas por toda a existência humana.
Conceituais porque
há uma enorme produção “científica” de textos que servem de base para
conselheiros, terapeutas e profissionais da saúde emocional que alicerçam a
ideia de que a culpa e o pecado não existem e são frutos de “tabus”, “dogmas” e
de uma educação familiar repressiva e retrógrada, que não leva em consideração
que essas ideias são ultrapassadas e arcaicas para o nosso mundo de hoje. É a melhor
das desculpas para gente que não deseja enfrentar suas falhas morais e erros de
frente.
Religiosas porque
há um grupo específico de religiões e crenças filosóficas, principalmente
orientais, que advogam que o pecado e a culpa pelos erros não são coisas reais,
são produtos de uma mente adoecida e, com algumas técnicas e declarações
repetitivas, as pessoas se livrarão desses “falsos” conceitos, quando não
atacam o Cristianismo como o grande culpado por introduzir esses conceitos no
mundo.
Há uma “culpa”
no Cristianismo sim, a de revelar as coisas mais horríveis do coração dos
homens e declarar que isso é fruto do pecado natural desse homem. Por essa “culpa”
nós não pedimos perdão. Somos “culpados”, é verdade, por não deixá-los vivendo no
engano das mentiras criadas somente para que não sejam perturbados pela verdade
mais profunda de suas próprias almas: “todos pecaram” e são culpados perante
Deus.
Encerro dizendo
que o salmo 51 nos revela as saídas e o escape para as crises de culpa e dos
pecados dos homens: a confissão, o arrependimento e a oração a Deus. Mesmo que
equivocadamente alguns as chamem de “muletas religiosas”, elas então são as
muletas mais poderosas do universo!
© Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista
Bíblica Internacional