quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Salmo 51

O salmo 51 é ao mesmo tempo revelador e um entrave. Ele foi escrito por Davi logo depois que o profeta Natã esteve em seu palácio para lhe lançar em rosto o crime e pecado que o rei havia cometido. Crime contra a vida de Urias, marido de Bate-Seba, enviando-o ao front de batalha para que morresse, e pecado por ter cometido adultério com ela.
Ele é revelador porque nos mostra algumas características essenciais da estrutura humana. Primeiro, nos revela que o homem não é naturalmente bom e que se torna mau pelo meio onde vive ou pelas influencias que recebe. O ser humano nasce com a tendência para o mal, para o pecado. Qualquer pessoa já discerniu as emoções de uma criança nos primeiros anos de vida. Todos sabem do egoísmo e sentimento de posse que o infante tem, mesmo com aquilo que não é dele.
Segundo, nos revela que não há ninguém que não possua pecado. Mesmo o melhor dos homens e das mulheres possuem deficiências morais, éticas e comportamentais em algum nível, mesmo que os outros não vejam. Alguém já disse que pecado atinge as melhores famílias, mesmo a família do rei. Ninguém é plenamente puro, impecável, imparcial, limpo ou justo, exceto Jesus. Todos pecaram, diz as Escrituras (Romanos 3.23).
Terceiro, o salmo 51 revela que os problemas do ser humano, aqueles que os sem fé tanto criticam a Deus por existirem, são gerados no coração do próprio homem e não culpa de Deus. Este salmo revela de quem é a culpa pelas mortes, pelas guerras, pela ganância, pelos estupros, pelo aborto, pelas doenças transmissíveis, pelas consequências das drogas, do álcool e do tabagismo. De quem é a culpa pelas separações, pela destruição das famílias, pela corrupção, pelos pecados sexuais? Do próprio homem!
Mas este salmo também é um entrave. Entrave para muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas freudianos, para libertinos e hedonistas, para narcisistas e ególatras. E um estrave de duas pontas: dos conceitos de pecado e de culpa. Os homens procuram fugir desses conceitos verdadeiros de todas as formas possíveis, conceituais e religiosas por toda a existência humana.
Conceituais porque há uma enorme produção “científica” de textos que servem de base para conselheiros, terapeutas e profissionais da saúde emocional que alicerçam a ideia de que a culpa e o pecado não existem e são frutos de “tabus”, “dogmas” e de uma educação familiar repressiva e retrógrada, que não leva em consideração que essas ideias são ultrapassadas e arcaicas para o nosso mundo de hoje. É a melhor das desculpas para gente que não deseja enfrentar suas falhas morais e erros de frente.
Religiosas porque há um grupo específico de religiões e crenças filosóficas, principalmente orientais, que advogam que o pecado e a culpa pelos erros não são coisas reais, são produtos de uma mente adoecida e, com algumas técnicas e declarações repetitivas, as pessoas se livrarão desses “falsos” conceitos, quando não atacam o Cristianismo como o grande culpado por introduzir esses conceitos no mundo.
Há uma “culpa” no Cristianismo sim, a de revelar as coisas mais horríveis do coração dos homens e declarar que isso é fruto do pecado natural desse homem. Por essa “culpa” nós não pedimos perdão. Somos “culpados”, é verdade, por não deixá-los vivendo no engano das mentiras criadas somente para que não sejam perturbados pela verdade mais profunda de suas próprias almas: “todos pecaram” e são culpados perante Deus.
Encerro dizendo que o salmo 51 nos revela as saídas e o escape para as crises de culpa e dos pecados dos homens: a confissão, o arrependimento e a oração a Deus. Mesmo que equivocadamente alguns as chamem de “muletas religiosas”, elas então são as muletas mais poderosas do universo!

© Carlos Carvalho

Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional

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