O Deus que se manifesta
Todas as
noites de segunda realizamos cultos nas casas dos irmãos de nossa Comunidade e,
vez em quando, em algumas que nos convidam com esse objetivo. Meditamos um
pouco na Palavra, oramos e passamos um tempo de comunhão com aqueles que
participam desse encontro. Está se tornando uma boa tradição em nosso meio. Tem
um cunho evangelístico e ao mesmo tempo, de demonstração de amor uns pelos outros.
Na última
segunda, meditamos na passagem do evangelho de Lucas, capítulo 5, do versículo
12 ao 16:
E aconteceu que, quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem
cheio de lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo:
Senhor, se quiseres, bem podes limpar-me.
E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a
lepra desapareceu dele.
E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas vai, disse, mostra-te ao
sacerdote, e oferece pela tua purificação, o que Moisés determinou para que
lhes sirva de testemunho.
sua fama, porém, se propagava ainda
mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas
enfermidades.
Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava.
De início,
ressaltei a importância da atitude de Jesus que não se dava e nem fazia seus
milagres na procura de fama ou de estar sob os “holofotes”. Jesus não buscava
seus “15 minutos de fama”, ele não precisava disso e não se importava com isso.
É muito sério que nos dias atuais as pessoas tenham mudado sua perspectiva em
relação a esta verdade e isso na própria igreja que se diz serva de Cristo.
Alguns queridos
gostam dos holofotes, da mídia, da ascensão pessoal de seus talentos e vivem a
se justificar dizendo uma série de coisas “espirituais” para que os que não
alcançaram o sucesso se sintam melhor emocionalmente e continuem a “prestigiar”
os maravilhosos “ícones gospels”. E para que não pensem que estou com algum
sentimento negativo, declaro que não possuo problemas pessoais com nenhum “famoso”.
Jesus agia ao
oposto da fama e da glória que os homens gostariam de lhe dar. Jesus se
afastava da multidão quando era o momento de orar e falar com o Pai. Suas noites
eram passadas na excelente companhia do Altíssimo. Com não somos Jesus, no
mínimo deveríamos aprender com ele como agir em relação à fama natural que virá
quando fazemos as coisas certas e manifestamos nossos talentos naturais sejam eles
quais forem.
Em seguida,
apresentei aos presentes dois tipos de pensamentos mais comuns de pessoas em
relação a Deus, daquelas que dizem crer em Deus, óbvio:
Primeiro –
há o grupo daqueles que creem em Deus, sabem que Ele é o Criador de tudo, mas
dizem que Ele se afastou da humanidade e do mundo e não se relaciona mais
conosco. Em outras palavras, Deus nos deixou por conta própria. São deístas,
creem em um Deus distante de tudo e de todos. Como esse texto nos ajuda a dar
resposta a esse grupo?
A condição do
homem do texto não lhe era favorável, era uma pessoa isolada da sociedade e como
em muitos casos, talvez abandonado por seus familiares, por medo de contrair a
doença ou por causa das leis de pureza da Torá. Portanto, aquele homem tinha
tudo para ser um deísta de carteirinha. Jesus não apenas se aproxima e o ouve,
mas lhe toca, o que era impensável naquela circunstância, e ele é curado.
Disse para
meus queridos naquele culto que o maior de todos os mistérios do universo é a
expressão Joanina: “No princípio era o Verso, o Verbo estava com Deus e o Verbo
era Deus”, e “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (evangelho de João 1.1
e 14). Deus despiu-se de sua glória e assumiu a forma humana em humildade e humilhou-se
até o ponto de experimentar a morte para salvar o homem (Filipenses 2.5-8). Não
temos como explicar isso. Não há referências da história do cosmo.
Mas Deus
estava ali diante do homem adoecido, isolado e possivelmente abandonado à sua
própria sorte, para ouvir a sua petição e atender ao seu desejo. Deus se
manifestou em Jesus Cristo, Deus estava presente, Deus estava se envolvendo com
as dores e os problemas do homem e por fim, Deus estava agindo para que esse
homem saísse de sua condição miserável. Então, respondendo aos deístas: Deus
não está distante, está muito perto e se envolve.
Segundo – há
outro grupo que também acredita em Deus, que Ele age no mundo, mas que Deus não
se lembra deles. Esse grupo é interessante, pois reconhece a soberania de Deus,
reconhece a Cristo como Senhor, sabe que Ele age na vida dos que creem, mas
desenvolvem um sentimento de autopiedade e autocomiseração tão fortes que
acabam por considerar como algo certo que Deus não agirá em suas vidas por
algum estranho motivo.
São esses que
vivem se “alegrando” pelo que Deus faz na vida dos outros, mas com aquele
sentimento que beira a inveja, questionando-se bem lá no fundo o porquê de Deus
agir na vida de certos indivíduos e não na deles, e vão um pouco além quando
fazem isso, comparam-se com esses “abençoados” e distorcidamente percebem que “eles
nem são tão santos assim”, e que “eles nem mereciam que Deus fizesse isso ou
aquilo”.
Jesus responde
a esses “deístas crentes” (permitam-me usar esse termo), que o problema não
está em Deus ou nas outras pessoas, mas está no interior daqueles que pensam
assim. Foi o homem com lepra (ou alguma doença grave de pele) que tomou a
iniciativa, aproximou-se de Jesus contra todas as expectativas e lhe comunicou
o seu desejo de ser curado. Ele não estava se lamentando ou reclamando de como
era ruim sua vida.
A maioria dos
encontros narrados nos evangelhos das pessoas com Jesus é que elas tomam a
dianteira e declaram sua fé e desejo ao Senhor. Ele vê suas atitudes e responde
de acordo com o que elas manifestam. Jesus nunca abençoou alguém que se
aproximou dele e ficou reclamando e fazendo ladainha da vida que levava, ao
contrário, Ele de fato foi positivo em curar ou libertar aqueles que exerceram
algum nível de fé e questionou quando não tinham nenhum nível de fé.
Então,
respondendo a esses “deístas crentes”: Deus se envolve, Deus age, mas
principalmente quando tomamos uma iniciativa de fé, não aceitamos nossa
condição de miséria humana ou grave problema, lutamos contra isso, ao invés de invejar
os outros ou viver a reclamar de nossa condição. Para Deus essas ladainhas não
são orações de fé, são ofensivas aos seus ouvidos (1ª Coríntios 10.10).
Sei que esse
terreno é delicado, pois muitos podem argumentar que há certos casos na Bíblia
como o de Jó, como Ana, mãe de Samuel ou em alguns Salmos encontraremos o
contrário dessas asseverações. Embora saiba disso, vejo em muitos desses casos
coisas ímpares – Jó não aceitava sua condição e em todo tempo argumentava
contra ela. Ana não estava reclamando de Deus, mas diante dele derramava sua
tristeza por não ter um filho e desejava isso e muitos dos Salmos tristes são
clamores de homens que falharam contra Deus, como Davi no Salmo 51, e queriam
perdão.
Uma realidade
permanece: Deus se manifesta, Deus age. Fez isso através de Jesus, faz isso
todos os dias pelo Espírito Santo e por meio de todos os seus filhos e filhas
que se permitem serem canais dele em favor dos outros. Deus ainda cura, Deus
ainda liberta. Ele se importa, Ele se envolve.
Pense nisso!
Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista
Bíblica Internacional
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