quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mantendo a Fé

“Tudo isso nos sobreveio; entretanto, não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança.
Não tornou atrás o nosso coração, nem se desviaram os nossos passos dos teus caminhos.”
Salmo 44.17-18 (ARA)

Aqui está o ponto central e nevrálgico dos que dizem ter fé em Deus, aqui está o cerne da questão: continuar crendo mesmo quando não parece ter mais motivo para isso. Os filhos de Corá (ou Coré) estavam declarando uma das maiores provas da verdadeira fé no Senhor, aquela que não está limitada pelas circunstâncias ao redor.

O povo tinha pecado contra Deus e Deus retirou seu apoio de suas batalhas, de maneira que vieram a sofrer derrotas diante de seus inimigos. O ponto principal do Salmo não são as derrotas, mas a consciência de que algo ruim havia acontecido, mesmo que eles não tivessem uma explicação clara para o acontecido.

Precisamos estar alertas para coisas como essas em nossas vidas, pois parece que criamos um conceito de “superprotegidos” e de “invulneráveis” diante da vida, escolhemos apenas os textos que nos falam de vitórias e grandes bênçãos e somente queremos ouvir as palavras positivas e afirmativas das Escrituras, rejeitando as realidades da vida que elas nos apresentam.

Coisas ruins e negativas, tragédias e morte alcançam as vidas dos filhos e filhas de Deus, os servos e servas do Senhor também são atingidos por raios, levam tropeções, batem seus carros ou perdem seus entes queridos de maneira inesperada e sem aviso. Isso não é um mal da parte de Deus sobre nós, é parte do sistema de mundo, de vida e morte neste campo de existência e das relações de causa e efeito das quais estamos todos sujeitos. E não pretendo fazer uma apologia ao sofrimento aqui, mas ele é certamente pedagógico.

O salmo nos ensina a manter a fé mesmo quando coisas ruins nos acontecem e mesmo que não tenhamos uma explicação plausível da parte de Deus do porquê isso ou aquilo está acontecendo conosco. A fé não é um elemento espiritual somente para recebermos os milagres de Deus, mas igualmente um poderoso suporte emocional para quando as coisas desmoronarem ao nosso redor.

A fé vai além desses pequenos conceitos atuais de vitórias e de bênçãos que tanto ouvimos de nossos pregadores. Ela é um dom de Deus para o “posso todas as coisas naquele que me fortalece”. E penso que muitos queridos e queridas que ministram as Escrituras, esqueceram-se que quando o apóstolo Paulo teceu essas linhas na sua carta aos Filipenses, ele estava se referindo não somente à fartura e abundância, mas igualmente à falta e a necessidades.

A fé dos salmistas, de Jesus, de Pedro, de João e Paulo não é uma fé superficial que só crê em Deus quando as coisas vão bem e quando há possibilidades de grande sucesso na vida. A fé deles é contínua mesmo se as circunstâncias não mudarem e mesmo quando não há chances de vitórias. Aqui, neste ponto, está o sólido alicerce da fé.

Poderia fazer uma ou duas perguntas: você conhece pessoas que desistiram da fé em Deus apenas porque elas pensaram que Ele deveria agir mais rápido? Você ou eu somos desse tipo de “crentes" que vivem na superfície da fé? Necessitamos ler o capítulo 11 de Hebreus até o final e não parar nas realizações da fé apenas, mas ir até o último versículo para percebermos o preço pela fé.
Pense nisso!

© Carlos Carvalho

Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblia Internacional

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