Mantendo
a Fé
“Tudo isso nos sobreveio; entretanto,
não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança.
Não tornou atrás o nosso coração, nem
se desviaram os nossos passos dos teus caminhos.”
Salmo 44.17-18 (ARA)
Aqui está o
ponto central e nevrálgico dos que dizem ter fé em Deus, aqui está o cerne da
questão: continuar crendo mesmo quando não parece ter mais motivo para isso. Os
filhos de Corá (ou Coré) estavam declarando uma das maiores provas da
verdadeira fé no Senhor, aquela que não está limitada pelas circunstâncias ao
redor.
O povo tinha
pecado contra Deus e Deus retirou seu apoio de suas batalhas, de maneira que
vieram a sofrer derrotas diante de seus inimigos. O ponto principal do Salmo
não são as derrotas, mas a consciência de que algo ruim havia acontecido, mesmo
que eles não tivessem uma explicação clara para o acontecido.
Precisamos estar
alertas para coisas como essas em nossas vidas, pois parece que criamos um
conceito de “superprotegidos” e de “invulneráveis” diante da vida, escolhemos
apenas os textos que nos falam de vitórias e grandes bênçãos e somente queremos
ouvir as palavras positivas e afirmativas das Escrituras, rejeitando as realidades
da vida que elas nos apresentam.
Coisas ruins e
negativas, tragédias e morte alcançam as vidas dos filhos e filhas de Deus, os
servos e servas do Senhor também são atingidos por raios, levam tropeções,
batem seus carros ou perdem seus entes queridos de maneira inesperada e sem
aviso. Isso não é um mal da parte de Deus sobre nós, é parte do sistema de
mundo, de vida e morte neste campo de existência e das relações de causa e
efeito das quais estamos todos sujeitos. E não pretendo fazer uma apologia ao
sofrimento aqui, mas ele é certamente pedagógico.
O salmo nos
ensina a manter a fé mesmo quando coisas ruins nos acontecem e mesmo que não
tenhamos uma explicação plausível da parte de Deus do porquê isso ou aquilo
está acontecendo conosco. A fé não é um elemento espiritual somente para
recebermos os milagres de Deus, mas igualmente um poderoso suporte emocional
para quando as coisas desmoronarem ao nosso redor.
A fé vai além
desses pequenos conceitos atuais de vitórias e de bênçãos que tanto ouvimos de
nossos pregadores. Ela é um dom de Deus para o “posso todas as coisas naquele
que me fortalece”. E penso que muitos queridos e queridas que ministram as
Escrituras, esqueceram-se que quando o apóstolo Paulo teceu essas linhas na sua
carta aos Filipenses, ele estava se referindo não somente à fartura e
abundância, mas igualmente à falta e a necessidades.
A fé dos
salmistas, de Jesus, de Pedro, de João e Paulo não é uma fé superficial que só
crê em Deus quando as coisas vão bem e quando há possibilidades de grande
sucesso na vida. A fé deles é contínua mesmo se as circunstâncias não mudarem e
mesmo quando não há chances de vitórias. Aqui, neste ponto, está o sólido
alicerce da fé.
Poderia fazer
uma ou duas perguntas: você conhece pessoas que desistiram da fé em Deus apenas
porque elas pensaram que Ele deveria agir mais rápido? Você ou eu somos desse
tipo de “crentes" que vivem na superfície da fé? Necessitamos ler o
capítulo 11 de Hebreus até o final e não parar nas realizações da fé apenas,
mas ir até o último versículo para percebermos o preço pela fé.
Pense nisso!
© Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista
Bíblia Internacional
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