segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Mateus 5.17-48

A importância da Lei moral e o seu verdadeiro significado

Há algumas semanas temos nos debruçado em Mateus capítulo 5. Desde o primeiro momento, vimos que o reino pertence aos que estão em relacionamento de bem-aventurança com Deus na prática da vida diária (v.1-11) e que esse é o caminho para a verdadeira felicidade. Saltamos as questões sobre o sal da terra e luz do mundo, pois é assunto bem conhecido entre nós. Em um segundo momento, fomos à importância da lei moral de Deus e sua correta relação conosco que estamos na graça. Aprendemos que:           
  •   Jesus não veio modificar ou alterar a Lei, mas veio para revelar o verdadeiro significado da lei moral de Deus aos homens (v.17)..      
  •  Jesus estabeleceu a plena validade dessa lei moral do Antigo Testamento e nos mostra que o Novo Testamento não é uma substituição ou anulação dessas leis do Antigo Testamento. É uma substituição da aliança baseada em sacrifícios de animais e não das leis morais de Yahweh (v.18).
  •  O maior no reino de Deus é aquele que pratica e ensina as leis morais de Deus. Aqueles que desconsideram o menor desses mandamentos são tidos como insignificantes em seu reino (v.19).
  •   Jesus nos pede uma santidade muito mais profunda e uma prática dessa lei moral maior que apenas uma mera concordância exterior (v.20).

Na última fase do capítulo 5 compreendemos o verdadeiro significado desta lei moral de Deus. Após ter-nos ensinado sobre a vigência da lei moral, Jesus passa a descrever qual a verdadeira intenção de Deus ao deixar escritos esses mandamentos éticos. Dos versículos 21 ao 48 portanto, temos a abordagem do Senhor em relação a um grupo específico de situações que chamei de pecados de relacionamento. Os judeus estavam acostumados com a explicação rabínica para certos textos da lei, mas Jesus dá o verdadeiro sentido deles.

Primeiro – a questão dos homicídios (v.21-26) – Jesus declara que a lei diz para não matar outra pessoa e quem matar será julgado pelo crime que cometeu. Isso é correto, mas ele vai além disso, e ensina que o verdadeiro problema não está no produto final (o homicídio), mas no interior daqueles que se recusam a reconciliar-se com o próximo por causa da ira, ou seja, matar alguém é o resultado de um coração que rejeita a paz com o outro e desconsidera a possibilidade de conviver pacificamente com o próximo.

Segundo – os adultérios (v.27-32) – não podemos achar que é somente uma questão de adultério aqui, mas de toda a relação sexual fora dos padrões de Deus. Jesus crê no que a lei afirma, mas dá um passo a mais no entendimento. Ele declara que o verdadeiro problema não é o adultério, mas a falta de controle pessoal dos desejos que foram influenciados pela luxúria. Em outras palavras, o nosso desejo sexual não controlado vai nos levar a cometer atos que ultrapassam os limites da santidade de nosso corpo.

Terceiro – sobre os juramentos (v.33-37) – desde a antiguidade somos levados a jurar de alguma maneira para que a verdade seja estabelecida e diante de tribunais também fazemos juramentos. O que o Senhor diz aqui é que o problema não está necessariamente nos juramentos, mas na intenção com a qual os fazemos, ou seja, quando intencionamos criar enganos com nossas mentiras e fazemos juramento depois, somos muito malignos em nosso coração. Por isso ele diz que devemos ser honestos em nossas declarações, apenas com um sim ou não e já será suficiente se somos verdadeiros.

Quarto – a vingança (v.38-42) – a lei de talião prescrevia o mesmo tipo de castigo para quem ferisse ou matasse o próximo ou seu animal: olho por olho, dente por dente. Essa lei é anterior aos judeus e foi posta na Torá com algumas alterações, mas o princípio continuou o mesmo. Jesus diz que o problema não é se essa lei é válida ou não, mas que, por causa da possibilidade de provocarmos injustiças por nossos atos de retaliação pessoal, não devemos dar vazão aos nossos impulsos vingativos. Oferecer a outra face, dar a capa, andar a segunda milha e emprestar são atos não de fracos e “capachos”, mas de pessoas que desejam a verdadeira justiça ao invés da vingança.

Quinto – sobre o amor ao próximo (v.43-48) – aqui se encerra o discurso das leis morais e não poderia ser mais difícil. Nossa constituição psíquica e emocional normalmente não tende ao perdão, mas sim a reações de ira, raiva e ressentimentos quando nos fazem mal, isso faz parte de nós. O Senhor declara que o verdadeiro problema nosso está na falha em compreender quem são os alvos de nossos atos de amor. Quem nos ama e gosta de nós são pessoas maravilhosas de nos relacionar, mas quem tem uma visão contrária sobre nós e nos despreza, e mais, fazem coisas para nos prejudicar, essas deveriam ter as nossas mais afetuosas considerações. Não sei se para mostrarmos a elas que estão erradas sobre nós ou se para mostrarmos a Deus nosso comprometimento com sua palavra, mas Jesus nos ordena que assim o façamos.

No versículo 48, o Senhor faz uma declaração que destrói toda nossa estrutura de confiança em nós mesmos e põe definitivamente uma gigantesca pedra irremovível sobre nossas expectativas de superação de nosso ego. Ele ordena que sejamos perfeitos como Deus é perfeito, isso parece brincadeira, não? Mas é exatamente isso que ele pede. E porque faz isso? Para nos mostrar a nossa incapacidade de realizarmos uma façanha tão impossível. Jamais conseguiremos ser perfeitos como nosso Pai celestial.

Se Jesus nos pede algo inatingível, com que propósito ele faz isso? Para que ao final chegássemos a duas simples conclusões:
      1º   Padrões tão elevados de conduta são inalcançáveis a qualquer ser humano.
     2º   Precisamos desesperadamente confiar em Cristo, em seu sacrifício e ressurreição para que por meio dele, possamos ser cobertos nessa insuficiência. Em outras palavras, a perfeição que Jesus alcançou cobre as minhas deficiências e Deus me olha através dele e de sua perfeição e não de minha deficiência e insuficiência em alcançar o seu padrão.

Isso é um alívio para cada um de nós que depositamos fé em Cristo Jesus. Também não significa que não precisamos mais buscar uma vida prática dentro dos padrões das leis morais de Deus, mas que agora, nossa incapacidade recebeu um poderoso aliado para vivermos como ele intentou: o Espírito de Cristo, que foi colocado em nós, nos transformou em novas criaturas (Romanos 8.1-11,14 / 2Coríntios 5.17 / Gálatas 5.16-26) e nos capacita a viver esse padrão.

Soli Deo gloria

Bp. Carlos Carvalho
Pr. Sênior da CBBI


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