segunda-feira, 30 de março de 2015

O TEMPO EM QUE VIVEMOS Na ótica de Jesus


O TEMPO EM QUE VIVEMOS
Na ótica de Jesus

Mateus 24.10-13

10 Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros,
11 e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.
12 Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará,
13 mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

Este é o quadro espiritual mais vívido que temos visto neste século XXI, tanto na igreja, como ao redor dela. O acúmulo de iniqüidades e pecados que vemos no mundo, bem como nas instituições nos levam a pensar de maneira equivocada sobre o assunto, porque imaginamos que são as instituições e não as pessoas que têm problemas. De fato, isto é o normativo em termos de seres humanos, pois estamos acostumados a culpar os outros por nossos próprios erros, desacertos e pecados na maioria das vezes. Porém, deixando de lado essa questão por enquanto, avancemos para o cerne da questão.

Este é claramente o mundo no qual vivemos neste século: um mundo marcado por escândalos de todos os tipos, desde os pessoais, familiares, aos financeiros, corporativos e governamentais. Um mundo sufocado pelas amizades utilitárias e superficiais, onde a traição se faz comum porque a lealdade é um item descartável, e um mundo mergulhado no ódio em diversos níveis, desde o racial ao religioso. Acredito que jamais na história humana tivemos uma confluência tão perfeita dessas atitudes ruins como hoje. E isto é só o primeiro versículo da profecia de Jesus.

Na profecia do Senhor, ele nos diz que neste tempo iremos enfrentar ainda mais dois grandes problemas. Estes serão ataques diretos à igreja que nascerá e colidirão frontalmente contra sua unidade, espiritualidade e salvação eterna. Cada um dos dois ataques tem destino certo e alvos predefinidos, ou seja, desejam obter êxito em suas realizações, destruindo internamente as marcas espirituais mais poderosas da igreja: os dons do Espírito e o fruto do Espírito. A profecia ou o espírito da profecia de Cristo e o amor, o ágape de Deus, que foram dados por graça aos crentes para a edificação mútua, são os alvos prioritários do Maligno neste tempo.

Numerosos falsos profetas (v.11) – este é um ataque direto à espiritualidade da igreja e dos cristãos, porque a profecia fala das ações sobrenaturais de Deus no meio de seu povo. A profecia descreve uma parte da onisciência de Deus quando revela fatos e atos que são ocultos ou que ainda não aconteceram. A profecia fala dos dons do Espírito Santo que os distribui aos crentes de acordo com o seu querer para a edificação do corpo de Cristo. Por isso o aumento do número de falsos profetas é um alerta perigoso. Falsos profetas têm a habilidade do engano e do engodo das almas por sua ousadia maligna de se fazerem acreditar que falam coisas “dadas” ou “ditas” por Deus. Falsos profetas conseguem introduzir erros, heresias e mentiras nas mentes das pessoas ao se passarem por porta-vozes de Deus e de sua verdade. Falsos profetas podem levar congregações inteiras a um comportamento histérico e a êxtases produzidos por demônios e dizer que tudo isso procede do Espírito Santo. Falsos profetas são o maior perigo interno visível que a igreja enfrenta nestes dias, e o número dos que vão após eles não é pequeno.

Devido ao aumento da maldade (iniquidade)... (v.12) – esta é a última fase dos ataques contra os cristãos: a destruição de sua fonte interna de poder e graça. No caso anterior, a destruição é visível no ambiente onde a igreja se reúne e comunga, mas neste caso, a contaminação virulenta é no interior do “coração” de cada crente atingido. Uma vez que o cristão seja envenenado por essa iniquidade que ele ou ela vê proliferar no mundo e também nas pessoas da igreja, isso passa a obscurecer o seu amor, que antes era sua maior força, agora se torna sua maior decepção. Decepcionado, portanto, se inicia um processo interior de críticismo, ceticismo e de questionamento de todas as suas crenças que, outrora inabaláveis, agora, já estão num processo de deterioração. Filhos e filhas de Deus com o amor em congelamento são como os crentes da igreja de Éfeso (Apoc.2.1-7), eles têm o discurso correto, a doutrina correta, a teologia correta, mas não têm a prática mais profunda e bíblica que evidencia a presença de Cristo e do Espírito Santo dentro de si: o amor. Sem o amor, já sabemos o que Paulo descreveu em 1 Coríntios 13, não?

O Fim e a Salvação (v.13) – esta profecia de Jesus é o início de um conjunto de descrições proféticas do futuro de Israel, dos crentes, das nações e do mundo. No finalzinho desta primeira parte ele antecipa o que seria o objetivo maior de tudo o que ele vai anunciar que acontecerá: que todos os cristãos diante de todos esses acontecimentos devem permanecer firmes, fieis e na fé até o final de tudo. A salvação dos crentes está diretamente conectada à sua perseverança diante da expressão pecaminosa do tempo no qual vivem. Ser salvo, na ótica de Jesus é ultrapassar sem se abalar, sem se esfriar, sem perder o ânimo, sem desistir, a todo o processo de destruição da vida e da alma gerados pelo ambiente e pelo tempo nos quais vivemos e pelas pessoas contaminadas pelo espírito desta geração.

Para colocar um pouco mais de lenha na fogueira, o Senhor Jesus não nos dá uma saída para os problemas e nem nos aponta uma fórmula para vivermos num mundo assim, a não ser que nos faz uma única e singular promessa: a salvação aos perseverantes. Não diz que o mundo vai melhorar, que a igreja vai vencer a luta conta a iniquidade nos outros, não diz que os falsos profetas serão eliminados nem que o amor será curado ou restaurado naqueles que o perderam, apenas diz que os que acreditarem em sua mensagem e permanecerem firmes serão salvos ao final.

Jesus não pode ser acusado de pessimista ou de determinista, mas certamente ele foi espiritual e realista. A igreja que vive neste tempo deve ter o mesmo sentimento e percepção do Senhor. E quais percepções são essas?

Os escândalos não deixarão de acontecer.
As traições dos seres humanos são reais.
O ódio não desaparece.
Os falsos profetas continuarão a assolar a igreja de Jesus.
Muitos crentes viverão enganados.
A iniquidade no mundo só aumenta.
Mais e mais cristãos congelarão o seu amor por Deus, por Cristo, pela igreja e pelos irmãos.
A salvação é o prêmio da perseverança na fé.

Nunca houve para nós um melhor momento para se dizer: Oremos sem cessar e vigiemos, pois o Senhor está às portas!

Carlos Carvalho
Teólogo e Bispo da Comunidade Batista Bíblica
sexta-feira, 27 de março de 2015


sexta-feira, 20 de março de 2015

24 Fatos Notáveis sobre C. H. Spurgeon—E Mais Um!


24 Fatos Notáveis sobre C. H. Spurgeon—E Mais Um!
por
Pastor Larry Newcomer

1. CHS leu o Progresso do Peregrino aos seis anos de idade e o releu 100 vezes após isso.

2. A coleção impressa de seus sermões (63 volumes) tem tantas palavras quanto a Enciclopédia Britânica, todavia, ele pregou suas 140 palavras por minuto à partir de uma única folha de anotações, preparada na noite anterior.

3. Uma mulher foi convertida lendo uma simples página de um sermão de Spurgeon que ela encontrou enrolada ao redor da manteiga que ela tinha comprado.

4. Antes dos 20 anos de idade, CHS pregou 600 vezes.

5. Aos 19 anos de idade, a Igreja de New Park Street o convidou para um teste de seis meses. Ele aceitaria somente um teste de três meses, pois, “Eu não queria me tornar um obstáculo”, disse. Quando ele chegou, em 1854, a congregação tinha 232 membros. Trinta e oito anos depois o total era de 5.317 com outros 9.149 que tinham sido membros (mudanças, mortes, etc.).

6. CHS disse dos políticos: “Eu tenho ouvido, ‘Não traga a religião para a política’. É precisamente para este lugar que ela deveria ser trazida e colocada ali na frente de todos os homens como um candelabro”.

7. CHS certa vez se dirigiu a uma audiência de 23.654 pessoas sem, é claro, um microfone ou uma amplificação mecânica.

8. Um dia, para testar a acústica de um salão onde ele iria falar, ele falou em alta voz — “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Um trabalhador nas vigas ouviu e foi convertido.

9. A mulher de Spurgeon, Susannah, o chamava, “Sua Excelência”.

10. CHS falava tão fortemente contra a escravidão que os seus publicadores Americanos editavam (alteravam) os seus sermões.

11. CHS recusou ser ordenado e recusou o título, “Reverendo”. (Todavia, ele fundou um colégio de pastores).

12. CHS entrevistou pessoalmente todos os membros candidatos na determinação de estar seguro da genuinidade da sua conversão.

13. Ele nunca disse à sua congregação em quem votar mas ele denunciava os candidatos por nome desde o púlpito e ele distribuía folhetos durante a semana para os oficiais que estavam querendo saber quem ele favorecia.

14. A cada Natal CHS dava presentes individuais aos órfãos dos orfanatos que ele tinha fundado, mesmo quando o número aumentou para aproximadamente mil.

15. CHS lia quase um livro por dia em média. Ele freqüentemente confessava estar ciente de oito grupos (séries) de pensamentos identificáveis em sua mente ao mesmo tempo.

16. Concernente aos orfanatos como obra social, CHS declarou: “O socialismo é somente palavras e teoria. Nós cuidamos tanto dos corpos como das almas dos pobres e tentamos mostrar nosso amor à Verdade de Deus pelo amor verdadeiro”.

17. O colégio de pregadores de Spurgeon fornecia educação geral assim como educação teológica. Não havia taxas fixas.

18. O diretor do colégio, George Rogers, era um pedobatista, mostrando a tolerância e magnanimidade de Spurgeon mas todos na faculdade tinham que “ensinar as Doutrinas da Graça com dogmatismo, entusiasmo e clareza”.

19. CHS, pelas melhores estimativas disponíveis, foi o instrumento direto e pessoal de Deus de aproximadamente 12.000 conversões.

20. O colégio, diretamente através dos esforços de Spurgeon de propagação com base em sua estimativa de doações, enviou homens resultando na plantação de mais de 200 igrejas.

21. O primeiro livro publicado pela Moody Press foi o All Of Grace [Tudo pela Graça] de Spurgeon. Ele ainda é o best-seller número 1 deles.

22. CHS certa vez pregou uma mensagem sonhando, a qual sua esposa, que estava acordada, registrou em papel. Ele a pregou na manhã seguinte.

23. Havia oração contínua para a obra do Tabernáculo Metropolitano no porão do mesmo.

24. Num culto em 1879, a congregação regular de 4.850 membros deixou o tabernáculo para permitir que novas pessoas, que estavam esperando do lado de fora, tivessem uma chance de vir e ouvir. O edifício imediatamente se encheu de novo,


25. Quando Moddy encontrou Spurgeon e descobriu que ele fumava charutos, ele ficou um tanto surpreendido e desconcertado. Spurgeon lhe assegurou que nunca tinha exagerado. Moody perguntou cortesmente, “E o que você consideraria um exagero?”. Ao que Spurgeon respondeu, “Fumar dois ao mesmo tempo”. É crido que Spurgeon parou de fumar charutos quando a loja de tabaco onde ele os comprova começou a se auto-anunciar como, “A Loja Onde Spurgeon Compra Seus Charutos”.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Movimentos históricos na Igreja - breve relato




Dias atrás, respondi genericamente a um amigo e amado pastor sobre algumas perguntas históricas acerca dos movimentos cristãos que mudaram durante os séculos anteriores até os nossos dias, a face da igreja de Cristo. Como título de auxílio aos que estão iniciando seus estudos teológicos posto aqui minha carta-resposta. Espero fomentar o começo de uma jornada maravilhosa de estudos da História da Igreja.


Graça e paz te sejam multiplicadas em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo

Amado, embora o assunto pareça um tento complicado, lhe darei uma visão panorâmica dele para que possa, a partir destes pontos, acrescentar sua pesquisa e ir tirando suas próprias conclusões. Minha visão é bem mais histórica em virtude de meus estudos. Vamos por datas e tempos.

Igreja Primitiva – assim chamamos a igreja original dos tempos apostólicos e que vai de Atos, capítulo 2 até meados dos anos 300 depois de Cristo.

Pais da Igreja – são os homens de destaque do período pós-apóstolos (100 d.C.) - Papias, discípulo de João, Irineu, discípulo antigo e Policarpo – até Agostinho que morre em 430 d.C.

A Igreja Romana – ela nasce de forma embrionária com a conversão do Imperador Constantino em 323 e posteriormente ele decretou o cristianismo a fé oficial do Império. Mas dois homens são os fundadores, por assim dizer daquela que conhecemos por Igreja Católica Apostólica Romana: Leão I (440-461 d.C.) e Gregório I (590-604 d.C.). O primeiro lançou as bases do primado de Roma sobre as outras cidades e o início oficial da devoção a Maria e o segundo se autodeclarou Papa e infalível, dando origem a todos os desvios teológicos mais grosseiros da Igreja.

A Igreja Reformada (1546) – essa é a mais conhecida de nós, pois somos – evangélicos, protestantes ou outra coisa – filhos dela. Temos em Lutero e Calvino, os principais nomes, mas existem outras figuras importantíssimas além deles que contribuíram para a libertação dos cristãos do jugo do papado e das correntes do catolicismo.

A Igreja Tradicional – este é o nome que damos a todas as denominações que surgiram após 1800, ou seja, os Batistas, os Presbiterianos, os Congregacionalistas (não confundir com a Congregação Cristã), estes são os principais.

Os Pentecostais – esse grupo de cristãos foi chamado assim por causa do Avivamento da Rua Azuza nos Estados Unidos em 1901 – alguns outros avivamentos já aconteciam esporadicamente em alguns lugares da Europa também, mas este foi o estopim global – sob a liderança do pregador negro Willian Seymour, se espalhou pelo mundo. As Assembléias de Deus, as Igrejas de Deus, a Congregação Cristã no Brasil, são os principais frutos deste movimento, mas se inclui aí a Deus é Amor, o Brasil para Cristo e a Quadrangular, embora mais tardiamente a sua origem.

Os Carismáticos – foi um movimento de renovação espiritual dentro dos grupos tradicionais e protestantes – inclusive na Igreja Católica – que se iniciou nos anos 1960 e 1970, no mundo todo, com a premissa do Batismo com o Espírito Santo e seus dons, sendo uma bênção posterior à salvação e a evidência do falar em línguas como marca registrada desta bênção.

Os Neopentecostais – esse é o grupo mais influente midiaticamente que temos hoje em dia. Iniciou-se no final dos anos 1970 (são chamados de movimento da terceira onda pentecostal) e tem como principais representantes a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), liderada pelo bispo Edir Macedo, e a Igreja Internacional da Graça de Deus (Rio de Janeiro, 1980), liderada e fundada pelo missionário R. R. Soares, ambas presentes na área televisiva, posteriormente, temos o surgimento da Renascer em Cristo (São Paulo, 1986), da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992), do Ministério Internacional da Restauração (1992), e da Igreja Mundial do Poder de Deus (1998). Todas estas são bem conhecidas de todos, e seu sincretismo religioso são nítidos

Movimentos de Restauração – por toda a história da Igreja de Cristo houveram momentos onde a fé e o retorno à fidelidade foram iniciados. Desde a possibilidade da salvação aos gentios que modificou a forma da igreja de Jerusalém ver as coisas em Atos 15, nos movimentos de santidade dos séculos VII e VIII, do rompimento da Igreja Ortodoxa em 900 d.C., da separação da Igreja Anglicana e o Catolicismo que começou em 1.200 d.C. e se concretizou plenamente em meados de 1500, nos avivamentos históricos, na própria Reforma Protestante. Todos esses movimentos e outros tiveram sua parcela de transformação na maneira que a Igreja em geral via as coisas, a vida, a espiritualidade e as Escrituras e foram pontos de restauração de diversas verdades ofuscadas pelo catolicismo medieval.

Alguns acreditam que essas “reformas” ou “restaurações” são guiadas pelo Espírito Santo para trazer a Igreja de Cristo ao ponto original dos tempos bíblicos de Atos dos Apóstolos. Também consideram que esses movimentos restauram as funções bíblicas que a Igreja esqueceu no tempo, como os Mestres, os Profetas e os Apóstolos. Estamos em nossos dias exatamente no período em que estes acreditam na restauração apostólica, pois já vieram antes a dos Mestres e a dos Profetas, e faltava a dos Apóstolos.

Esta “reforma apostólica” tem sido a que mais recebe crítica por parte dos cristãos que não vêem as coisas desta forma. Muito mais que os ofícios anteriores, os chamados apóstolos modernos têm sido o alvo de ataques ferozes por parte da maioria dos cristãos no mundo todo. Particularmente, creio que há algum tipo de apóstolo em nossos dias, mas não investidos da pretensa autoridade que vejo na maioria. Muitos sequer têm conhecimento histórico, bíblico ou satisfatório do cristianismo e dos escritos dos pais da Igreja. Não acredito em 99% deles em minha visão particular e bíblica da coisa.

Há o que chamo de Movimento Evangélico. Isto começou pequeno nos anos 1990 e se estendeu muito hoje. São as igrejas e a criação dos ministérios que se utilizam do chamado “gospel” – verdadeiro negócio na igreja – e comercializam de tudo para os crentes da atualidade. Bares Gospel, bebidas gospel, shows e baladas gospel – nada de graça, se for, alguém está pagando alto por trás como marketing – todos os produtos são pensados para o público-alvo desses comerciantes da fé. Todos os ritmos de músicas são aceitáveis e vendáveis por esta turma, além das “conversões” super rápidas das celebridades e cantores(as) do mundo que não têm discipulado, vivem sem pastores, sem igrejas, sem conhecimento da Bíblia, sem tempo para amadurecer e rapidamente sobem aos púlpitos para darem seus “testemunhos’, venderem seus CD’s e DVD’s, mas que as igrejas também os usam para seu marketing e crescimento atraindo os crentes, não os não salvos.

Há ainda em nossos dias as chamadas Igrejas Emergentes – elas não usam muito a Bíblia em seus cultos, fazem pouca oração, desejam fazer de tudo para atrair os perdidos, até mesmo se parecer com eles em tudo, inclusive no linguajar (alguns pastores americanos são conhecidos como “pastores que xingam”), tudo para serem mais atraentes aos não cristãos. Usam muita vela, espelhos, artes cênicas – não que isso seja errado, mas usam em excesso – dramatizam as pregações de formas tão variadas que é difícil saber que está em um culto. Os pastores contam piadas, usam exemplos de pessoas não cristãs como referências boas nas pregações. É outro mundo. Neste meio também se encontram as igrejas que são inclusivas, as que fazem casamentos gays e de lésbicas.

Para piorar, apareceu um movimento Ultra Pentecostal. Este surgiu da desintegração da unidade das principais igrejas pentecostais tradicionais, como a Assembléia de Deus. Estas Igrejas Pentecostais com os nomes mais mirabolantes e esquisitos são identificadas com o excesso das profecias não inspiradas, do falar em línguas sem interpretação, de movimentos bruscos com danças e imposições de mãos ou orações para que as pessoas “caiam debaixo do poder”, de giros excessivos com o corpo semelhantes ao Candomblé e Umbanda ao som de músicas rítmicas fortes que induzem ao transe, com roupas estranhas ao uso comum evangélico, com excessivas gritarias e manipulações carnais que imitam uma falsa espiritualidade e coisas afins. Esse número tem crescido nos últimos dias.

Enfim, é isso, meu querido. Espero ter contribuído para o seu crescimento no conhecimento. Todas as fontes podem ser encontradas facilmente na internet para aqueles que não possuam uma biblioteca física como a que eu disponho.

Em Cristo Jesus, de seu conservo.


Carlos Carvalho

terça-feira, 3 de março de 2015

Confusões Cristãs - crentes neófitos ensinando a "igreja"


Confusões Cristãs
Crentes neófitos ensinando a “igreja”

“Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.” (ACRF)

“Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo.” (NVI)
1 Timóteo 3:6

A expressão “neófito” vem do grego neofuton (neophiton), cujo significado literal pode ser descrito como “planta nova”. Esse é o sentido exato para a correlação que fazemos com a expressão “novo convertido”. Um cristão neófito – Paulo não descreve o tempo exato deste período – é aquele que não amadureceu na vida cristã, no conhecimento do Senhor e das Escrituras, ao mesmo tempo em que pode ser tomado ou inchado por orgulho ou soberba – a palavra grega para isso é tufoqeiV (tiphoteis), que significa “esfumaçado” – que fará com que caia em condenação semelhante a do diabo, ou seja, fique num estado parecido com o dele.

Nestes últimos dias temos visto uma enxurrada de escritos e vídeos que tentam defender a fé evangélica de todas as formas contra heresias introduzidas no meio das igrejas, conceitos errôneos sobre a espiritualidade, contras manifestações espirituais não bíblicas, certamente de fonte de outros espíritos e não do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, tentam explicar o Evangelho de maneira que ele seja entendido e vivido como era a intenção dos autores bíblicos do novo Testamento. Tudo isso é extremamente valioso e tem um fundo de boa intenção e zelo pelas verdades das Escrituras.

Só que paralelamente a tudo isso, vemos outro extremo acontecer. Deste lado da trincheira os crentes também torcem as Escrituras para fazê-la dizer o que desejam a partir de sua cosmovisão, criam conceitos a partir do racionalismo e do relativismo secular, fomentam uma diáspora das igrejas instituídas, chamando-as de “denominações”, dizendo-se de si mesmos que são a “igreja”, sem, contudo, levar em consideração que as reuniões da igreja no Novo Testamento eram diárias, semanais e contínuas, e que não há igreja sem a congregação e sem culto a Deus público.

Há uma bateria gigantesca de gente neófita dando ensino bíblico, na tentativa de demonstrar que as “denominações” e “igrejas instituídas” estão erradas em sua forma, em sua administração, na coleta dos dízimos e ofertas, no sustento dos pastores, presbíteros ou bispos e em algumas outras particularidades. Esses(as) neófitos(as) e desigrejados(as), pensando que a salvação nos deixa livres e sem responsabilidades diárias com a fé e a igreja, que Cristo prescinde de seu corpo local, que os pastores e bispos nunca foram sustentados pela igreja e que pensam que as Escrituras inspiradas são apenas as do Novo Testamento – mas desconfio que acreditam somente nas cartas de Paulo – não conhecem profundamente o que ensinam e, tampouco têm condições de ensinar a ninguém.

O modus operandi destes cristãos é semelhante aquele empregado pelos ateus em sua militância contra os cristãos: a rejeição de toda e qualquer autoridade, a agressividade das palavras, o desrespeito com o qual tratam os outros que são o alvo de ataques, a desconfiança geral levantada contra qualquer pessoa em qualquer posição espiritual, desconsideração pela hierarquia eclesiástica descrita no Novo Testamento para o aperfeiçoamento dos santos e coisas semelhantes a essas, tudo isso com a utilização de argumentação com certos textos bíblicos. Qual a diferença entre estes e aqueles? Apenas a crença!

Há ainda algo que estranho profundamente nestes “defensores(as)”: sua quase que total rejeição e ódio contra a parte das Escrituras inspiradas que eles chamam de “lei”, sim, digo isso porque é exatamente assim, há algo no texto que eles pensam que é a lei de Deus. Exercem quase um ódio visceral contra ela, coisa que nenhum reformador fez, nenhum escritor ou pastor sério dos séculos anteriores, nem sequer Paulo, Pedro ou qualquer outro escritor bíblico neotestamentário fez. Agora estes, mergulhados em arrogância e rejeição espiritual à Palavra de Deus, se fazem mestres destas coisas, esquecendo-se da consequência descrita acerca dos que assim procedem (Tiago 3.1).

Parecem fazer confusão entre o que chamam de lei e os textos da lei. Por exemplo, pensam que o Gênesis faz parte da Lei de Deus, apenas por que figura na Torá judaica – não conhecendo a realidade de que a Torá é para os judeus o conjunto de livros escritos por Moisés e não a Lei em sua totalidade – e que não há nada, repito, nada da Lei no livro do Gênesis. Isto é tão claramente verdadeiro que em Cristo somos conectados de volta às origens, ao retorno da posição anterior à queda (com o limitante da morte física ainda); mas sem o poder pecado; Cristo, como o segundo Adão, nos leva de volta ao plano original de Deus, às promessas feitas a Abraão; em Cristo nos tornamos descendentes de Abraão e capazes de desfrutar do que foi a ele prometido e assim por diante. Em Cristo voltamos ao Gênesis, e não à lei civil e cerimonial judaica.

Paulo afirma que a lei é boa, santa e espiritual (Romanos 7.12-14) e que o problema é a minha carne pecaminosa não regenerada que atrapalha o seu cumprimento perfeito em nós, mas em Cristo, por causa do poder do Espírito Santo, agora podemos cumprir exatamente o que a Lei exigia (Romanos 8.2-4). Para estes(as), o que Tiago escreveu sobre a lei não serve (Tiago 2.10-13), porque foi escrita apenas para os cristãos judeus, mas ignoram que ela faz parte da coleção do Novo Testamento e que, se os cristãos judeus para os quais ela foi endereçada só tivessem tido oportunidade de conhecer este Evangelho (a mensagem de Pedro e de Tiago), será que eles não seriam salvos e não seriam parte da igreja de Cristo também?

Num dos casos mais comuns, esses neófitos(as) discorrem largamente sobre os dízimos e ofertas legais e veementemente afirmam que essas práticas não são para os nossos dias porque Cristo as aboliu, dando mais uma vez forte exemplo de sua infantilidade nas Escrituras. Não sabem que, como Abraão não é da Lei, ele deu o dízimo de tudo o que tinha a Melquisedeque que era o mais tremendo símbolo do sacerdócio de Cristo na Antiga Aliança. Ora, se Abraão deu a Melquisedeque, deu a Cristo em figura e símbolo, se Melquisedeque recebe dízimos, Cristo como Sumo Sacerdote (coisa que parecem propositadamente esquecer) também recebe dízimos, mas como o texto se encontra na Torá, erroneamente pensam que é algo da Lei. Como não compreendem os textos da carta aos hebreus acerca disso, a ignorância permanece, e o pior, alguns teólogos de escolas mais livres atestam os seus equívocos.
São tantos os erros e ignorância que é quase impossível fazer uma defesa mais concisa sobre os assuntos que estas pessoas proclamam em nome da defesa do Evangelho. Por isso me atenho somente a estes pontos para principiar um ambiente mais reflexivo e de aprofundamento da compreensão da totalidade das Escrituras em detrimento a uma falaciosa e imaginável restrição dos textos válidos aos cristãos de nossos dias. A moral e a ética de Deus em detalhes só são plenamente conhecidas nos textos do Antigo Testamento e, sem eles, teríamos graves problemas em advertir os pecadores de certos tipos de pecados, como o travestismo, o incesto familiar e o bestialismo, só para início de conversa.

Por fim, acredito piamente na sinceridade de muitos destes neófitos(as), mas como Paulo no início de sua fé foi enviado de volta a Tarsis por causa das confusões que gerou em Jerusalém (Atos 9.20-31) e precisou de um tempo para retornar mais maduro ao ministério, esses irmãos e irmãs também provocam confusões e tumulto dentro e fora da comunidade cristã pela maneira como afoitamente lidam com as coisas. Também se esquecem ou não sabem, que as narrativas do livro de Atos compreendem o período de vida e ministério de Paulo, excetuando-se a carta de 2 Timóteo, isto significa que toda a doutrina de Paulo nas cartas foi desenvolvida no período de Atos, fazendo com que, ao ler as cartas, não podemos deixar de ter as narrativas de Lucas em Atos fora de nossa mente, pois o período histórico é o mesmo do período das cartas paulinas. Isso altera em muito a parcialidade com a qual usam o Novo Testamento, principalmente nas práticas diárias cristãs.

Considero particularmente que a outra parte destes neófitos(as) não são nada do que dizem. Sobre eles os textos de 2 Pedro e Judas têm muito a nos dizer. Não amam a igreja de Cristo, primeiro porque falam dela como se ela fosse a pessoa de cada um deles, sem o conjunto ou a participação comunitária dos grupos locais, e, segundo, não a amam porque não conhecem de fato ao Cristo que dizem servir e não sabem que ele não amou somente o mundo, a alguém pessoalmente ou qualquer outra coisa que digam, mas parecem não conhecer que Cristo amou a igreja e se deu por ela (Efésios 5.25-27 e Atos 20.28).

É muito cansativo falar a neófitos quando estes não ouvem, acham que com pouco tempo de cristãos já sabem tudo o que poderiam saber e possuem todo o discernimento espiritual sobre a igreja, que os reformadores não tiveram, que os antigos pastores não tiveram e nem os apóstolos do Senhor tiveram. Acusando a alguns grupos de manipularem a santa Palavra de Deus, estes incorrem no mesmo erro por sua postura irrefreável e insubmissa. Desconectados da história da igreja, de sua produção de conhecimento por séculos e de sua boa tradição, tornam-se viajantes errantes como Agar, que quis se apartar de Sara antes do tempo determinado por Deus e ouviu do anjo que deveria voltar à submissão de sua senhora, também estes(as) precisam da mesma repreensão.

Há sim, um falso cristianismo exalado por aí que não cheira bem e desvia da fé genuína, de Deus, de Cristo, da cruz e da Palavra os fracos e iludidos espiritualmente. Há sim, um evangelho que é “outro” e não o do Senhor pregado e propagado com pompa, honra e louvor em lugares que mais parecem clubes e salões de festas do que o culto racional prestado a Deus e a seu Cristo. Há sim, um “outro espírito” (ou outros) rondando, girando, rodopiando, caindo, adivinhando, dando consulta, incitando à práticas pagãs e desvirtuando a santidade cristã. Há sim, falsos mestres, falsos pastores, falsos bispos, falsos apóstolos e falsos crentes em nosso meio que infelizmente não serão extirpados até o dia da colheita final. Tudo isso e todos esses precisam ser desmascarados e confrontados, mas não se pode atirar para todos os lados. Por isso o conselho de Jesus quando explicou a parábola do joio (Mateus 13.24-43), no versículo 29, deve ser nosso maior cuidado:

Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis o trigo com ele.

Sinceramente, penso que muitas dessas ações de confronto fazem mais mal do que bem aos novos na fé e aos que as vêm pelas mídias e TV. Minha esposa diz com toda razão que não se vê os mesmos comportamentos combativos e destrutivos da fé em nenhuma outra religião ou seita no mundo, somente no cristianismo, e parte disso é causado pela forma libertina e pós moderna de tratar a Bíblia e a coisas. Ela diz que o único reino dividido é o nosso. Não é que ela tem razão? Apenas dezoito anos de cristã, não cursou teologia, mas é precisa em seu comentário!


Dictum sapienti sat est
(Para o sábio, uma vez dito é suficiente)

Bp. Carlos Carvalho
Teólogo, e Cientista Social
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