segunda-feira, 30 de março de 2015

O TEMPO EM QUE VIVEMOS Na ótica de Jesus


O TEMPO EM QUE VIVEMOS
Na ótica de Jesus

Mateus 24.10-13

10 Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros,
11 e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.
12 Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará,
13 mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

Este é o quadro espiritual mais vívido que temos visto neste século XXI, tanto na igreja, como ao redor dela. O acúmulo de iniqüidades e pecados que vemos no mundo, bem como nas instituições nos levam a pensar de maneira equivocada sobre o assunto, porque imaginamos que são as instituições e não as pessoas que têm problemas. De fato, isto é o normativo em termos de seres humanos, pois estamos acostumados a culpar os outros por nossos próprios erros, desacertos e pecados na maioria das vezes. Porém, deixando de lado essa questão por enquanto, avancemos para o cerne da questão.

Este é claramente o mundo no qual vivemos neste século: um mundo marcado por escândalos de todos os tipos, desde os pessoais, familiares, aos financeiros, corporativos e governamentais. Um mundo sufocado pelas amizades utilitárias e superficiais, onde a traição se faz comum porque a lealdade é um item descartável, e um mundo mergulhado no ódio em diversos níveis, desde o racial ao religioso. Acredito que jamais na história humana tivemos uma confluência tão perfeita dessas atitudes ruins como hoje. E isto é só o primeiro versículo da profecia de Jesus.

Na profecia do Senhor, ele nos diz que neste tempo iremos enfrentar ainda mais dois grandes problemas. Estes serão ataques diretos à igreja que nascerá e colidirão frontalmente contra sua unidade, espiritualidade e salvação eterna. Cada um dos dois ataques tem destino certo e alvos predefinidos, ou seja, desejam obter êxito em suas realizações, destruindo internamente as marcas espirituais mais poderosas da igreja: os dons do Espírito e o fruto do Espírito. A profecia ou o espírito da profecia de Cristo e o amor, o ágape de Deus, que foram dados por graça aos crentes para a edificação mútua, são os alvos prioritários do Maligno neste tempo.

Numerosos falsos profetas (v.11) – este é um ataque direto à espiritualidade da igreja e dos cristãos, porque a profecia fala das ações sobrenaturais de Deus no meio de seu povo. A profecia descreve uma parte da onisciência de Deus quando revela fatos e atos que são ocultos ou que ainda não aconteceram. A profecia fala dos dons do Espírito Santo que os distribui aos crentes de acordo com o seu querer para a edificação do corpo de Cristo. Por isso o aumento do número de falsos profetas é um alerta perigoso. Falsos profetas têm a habilidade do engano e do engodo das almas por sua ousadia maligna de se fazerem acreditar que falam coisas “dadas” ou “ditas” por Deus. Falsos profetas conseguem introduzir erros, heresias e mentiras nas mentes das pessoas ao se passarem por porta-vozes de Deus e de sua verdade. Falsos profetas podem levar congregações inteiras a um comportamento histérico e a êxtases produzidos por demônios e dizer que tudo isso procede do Espírito Santo. Falsos profetas são o maior perigo interno visível que a igreja enfrenta nestes dias, e o número dos que vão após eles não é pequeno.

Devido ao aumento da maldade (iniquidade)... (v.12) – esta é a última fase dos ataques contra os cristãos: a destruição de sua fonte interna de poder e graça. No caso anterior, a destruição é visível no ambiente onde a igreja se reúne e comunga, mas neste caso, a contaminação virulenta é no interior do “coração” de cada crente atingido. Uma vez que o cristão seja envenenado por essa iniquidade que ele ou ela vê proliferar no mundo e também nas pessoas da igreja, isso passa a obscurecer o seu amor, que antes era sua maior força, agora se torna sua maior decepção. Decepcionado, portanto, se inicia um processo interior de críticismo, ceticismo e de questionamento de todas as suas crenças que, outrora inabaláveis, agora, já estão num processo de deterioração. Filhos e filhas de Deus com o amor em congelamento são como os crentes da igreja de Éfeso (Apoc.2.1-7), eles têm o discurso correto, a doutrina correta, a teologia correta, mas não têm a prática mais profunda e bíblica que evidencia a presença de Cristo e do Espírito Santo dentro de si: o amor. Sem o amor, já sabemos o que Paulo descreveu em 1 Coríntios 13, não?

O Fim e a Salvação (v.13) – esta profecia de Jesus é o início de um conjunto de descrições proféticas do futuro de Israel, dos crentes, das nações e do mundo. No finalzinho desta primeira parte ele antecipa o que seria o objetivo maior de tudo o que ele vai anunciar que acontecerá: que todos os cristãos diante de todos esses acontecimentos devem permanecer firmes, fieis e na fé até o final de tudo. A salvação dos crentes está diretamente conectada à sua perseverança diante da expressão pecaminosa do tempo no qual vivem. Ser salvo, na ótica de Jesus é ultrapassar sem se abalar, sem se esfriar, sem perder o ânimo, sem desistir, a todo o processo de destruição da vida e da alma gerados pelo ambiente e pelo tempo nos quais vivemos e pelas pessoas contaminadas pelo espírito desta geração.

Para colocar um pouco mais de lenha na fogueira, o Senhor Jesus não nos dá uma saída para os problemas e nem nos aponta uma fórmula para vivermos num mundo assim, a não ser que nos faz uma única e singular promessa: a salvação aos perseverantes. Não diz que o mundo vai melhorar, que a igreja vai vencer a luta conta a iniquidade nos outros, não diz que os falsos profetas serão eliminados nem que o amor será curado ou restaurado naqueles que o perderam, apenas diz que os que acreditarem em sua mensagem e permanecerem firmes serão salvos ao final.

Jesus não pode ser acusado de pessimista ou de determinista, mas certamente ele foi espiritual e realista. A igreja que vive neste tempo deve ter o mesmo sentimento e percepção do Senhor. E quais percepções são essas?

Os escândalos não deixarão de acontecer.
As traições dos seres humanos são reais.
O ódio não desaparece.
Os falsos profetas continuarão a assolar a igreja de Jesus.
Muitos crentes viverão enganados.
A iniquidade no mundo só aumenta.
Mais e mais cristãos congelarão o seu amor por Deus, por Cristo, pela igreja e pelos irmãos.
A salvação é o prêmio da perseverança na fé.

Nunca houve para nós um melhor momento para se dizer: Oremos sem cessar e vigiemos, pois o Senhor está às portas!

Carlos Carvalho
Teólogo e Bispo da Comunidade Batista Bíblica
sexta-feira, 27 de março de 2015


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