Um conto antigo de
sedução, adultério e tragédia.
Esta é um tipo de narrativa
literária que era conhecida de muitos povos da antiguidade. Esta, em particular,
é de mais de 3.000 anos atrás, do século X a.C.
Da janela de minha casa olhei
através da grade
e vi entre os inexperientes, no
meio dos jovens, um rapaz sem juízo.
Ele vinha pela rua, próximo à
esquina de certa mulher, andando em direção à casa dela
Era crepúsculo, o entardecer do
dia, chegavam as sombras da noite, crescia a escuridão.
A mulher veio então ao seu
encontro, vestida como prostituta, cheia de astúcia no coração.
(Ela é espalhafatosa e
provocadora, seus pés nunca param em casa;
uma hora na rua, outra nas
praças, em cada esquina fica à espreita.)
Ela agarrou o rapaz, beijou-o e
lhe disse descaradamente:
"Tenho em casa a carne dos
sacrifícios de comunhão, que hoje fiz para cumprir os meus votos.
Por isso saí para encontrá-lo;
vim à sua procura e o encontrei!
Estendi sobre o meu leito
cobertas de linho fino do Egito.
Perfumei a minha cama com
mirra, aloés e canela.
Venha, vamos embriagar-nos de
carícias até o amanhecer; gozemos as delícias do amor!
Pois o meu marido não está em
casa; partiu para uma longa viagem.
Levou uma bolsa cheia de prata
e não voltará antes da lua cheia".
Com a sedução das palavras o
persuadiu, e o atraiu com o dulçor dos lábios.
Imediatamente ele a seguiu como
o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço
até que uma flecha lhe
atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem
saber que isso lhe custará a vida.
Então, meu filho, ouça-me; dê
atenção às minhas palavras.
Não deixe que o seu coração se
volte para os caminhos dela, nem se perca em tais veredas.
Muitas foram as suas vítimas;
os que matou são uma grande multidão.
A casa dela é um caminho que
desce para a sepultura, para as moradas da morte
(Provérbios, cap.7. NVI)
Carlos
Carvalho
Teólogo
Imagem: Pergaminho do
AT.
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